30.1.08

SalveComunidadeVerdeEBranco


Salve, salve comunidade Camisa Verde e Branco, neste começo de madrugada, onde a cuica ainda deve estar tocando pelas ruas na Barra Funda, deixei o barracão com gosto de quero mais, quero muito, muito mais disso tudo, mais dessa comunidade que canta seu hino com lágrimas nos olhos, mais destas passistas não apenas de samba no pé mas de coração no samba, mais desta coração de frente que se une e para frente e para trás leva aos céus quem com olhos sabe ver, mais destes integrantes que com amor gritam teu nome, mais desta bateria que sabe pegar fundo na batida do coração e mais mais destas baianas, é neste momento, ainda com o corpo molhado que só lhes posso agradecer, por me fazer lembrar a raiz mais profunda deste amor ao samba, por me fazer ter fé em uma outra cor que não Azul e Branco, por me fazer acreditar que nesta terra da garoa existe gente, existe uma comunidade com tradição, com amor incondicional, que aqui nesta terra onde nasci e me criei, posso sim, encontrar um lar no samba.


Não posso no entanto dizer que meu coração está tomado pelas cores de tua bandeira, pelas cores que casal de mestre e sala defenderam na quadra, com tanto amor, com graça, com simpatia e garra, tuas cores ainda não tomam de todo o coração, mas dividem o posto com minha águia amada.


Não posso estar em Madureira, defendendo minhas cores, aliás, que vergonha, nunca entrei no barracão onde todos os ilustres já cantaram, mas posso, pretendo e quero, fazer parte de tão distinta comunidade Verde e Branco, onde não apenas a alegria reina, mas a paixão impera. Nesta noite, neste último encontro antes de defender a bandeira em 2008, vocês ganharam meu coração, respeito e gratidão.

28.1.08


Dias como aquele parecem ser a pior coisa do mundo não? Hum, não, na verdade não.


São dias como aquele que me fazem pensar, que me deixam sentir, e onde mesmo não enxergando bem com os olhos, abrem-se os olhos d'alma, pude ver tanto e tão longe e pude perceber como tantas coisas mudaram ao longo do tempo, tantos sonhos desfeitos, tantas ilusões perdidas...


Quando eu era pequena, achava que meu pai era como um cavaleiro antigo, com armadura de prata, lutando contra todos os perigos, invencível, perfeito (acho que todos somos assim não é mesmo?), mas eu cresci e um dia meu pai me disse que ele era humano e como tal, sofria, adoecia, também queria carinho e atenção...


Quando eu era pequena, achava que meu irmão era ruim comigo, só porque eu era criança e chata, eu cresci, meu irmão não mudou, aprendi, que a gente fica criando desculpa para as coisas, para que as coisas doam menos no coração...


Quando eu era pequena, achava que quando crescesse minha irmã seria minha melhor amiga, que ela teria orgulho de mim e que me deixaria ser tia tempo integral, eu cresci, minha irmã, não está nem perto de ser colega, entendi que nem sempre família precisa ser exemplo de perfeição e que mesmo assim ainda é família, aprendi que não precisamos ser amados para amar...


Quando eu era pequena, achei que meus amigos seriam meus amigos para sempre, eu cresci, muitos se perderam no tempo, outros, nem era tanto assim, esqueci o nome de alguns, o rosto de outros, aprendi que as pessoas caminham ao nosso lado enquanto caminhamos o mesmo caminho e que fazer a curva não é a pior coisa do mundo, entendo que existem sim, amigos que serão eternos e nem por isso estou com eles todos os dias...


Quando eu era pequena, achava que só gente velha morria, achava que que aqueles e-mails bobocas que nos dizem para nunca esquecermos de dizer eu te amo porque pode ser a última vez são a mais pura verdade, gente jovem também vai embora cedo e o que mais dói é não ter dito adeus, é saber que aquela chopp que fica só na combinação, pode ter sido perdido para sempre...


Eu achava que poderia sempre fazer o que bem entendesse e que foda-se os outros, até que magoei um grande e querido amigo, parti o meu próprio coração, aprendi que não é foda-se, que algumas vezes devemos pensar um pouquinho antes de agir...


Eu já passei muito tempo achando muita coisa, e achei tanto e tanto que não vi o que era verdade, o que era mentira e nem mesmo as coisas que eu dizia para mim mesma pra tentar deixar tudo um pouco menos preto e branco. Eu achava que as pessoas me conheceriam apenas ouvindo minhas palavras, esqueci que são os olhos e os gestos o que mais importa...


Eu já me esqueci de tanta coisa e lembro de tantas outras, eu já me achei tão diferente, mas na essência sempre fui a mesma.


As vezes eu digo coisas e ajo de certa maneira para me esconder um pouco, as vezes eu quero tanto um colo para chorar, que só sei ficar sozinha para que não me percebam tão frágil, as vezes preciso de um gole de birita porque sou tímida demais para falar do sinto e quando tudo beira o insuportável me sento atrás desta tela de computador e deixo tudo sair assim mesmo, meio vomitado, eu tantas vezes escondo a insegurança de meus olhos atrás de óculos bem escuros, eu as vezes esqueço e falo em voz alta os meus sonhos, eu tantas vezes me calo achando que nem sou tão inteligente assim... falando desse jeito, até parece que sou a pessoa mais insegura do mundo, tem dias que sou, outros não é bem assim. São apenas dias, a vida é feita de momentos e a cada instante embora sendo eu mesma, sou cada dia um outro pedacinho de mim mesma.


Eu entendo hoje que nem todo mundo tem ou quer ter tempo para entender ou conhecer, quem sou eu para fazer tal pedido? Afinal de contas, é preciso querer muito para conhecer o outro, afinal, não somos todos feitos desses milhares de pedacinhos? Não basta apenas olhar para conhecer o outro, é preciso tempo e paciência e mesmo assim, seria preciso todo o tempo do mundo para conhecermos um outro ser humano por completo.


Tem dias que nem acho que estamos num caminho, acho que é assim, um marzão infinito, somos todos passageiros de barquinhos, remando, remando, tentando chegar em algum lugar, procurando um horizonte onde atracar, e tem vezes que o barquinho está assim, cheio de gente querida que ajuda a remar, entendo que só entra no barco quem quer, e que só o nosso desejo de um novo passageiro, de um novo companheiro de viagem não basta, para que alguém queira compartilhar um remo com você.


Hoje eu sei que meu barquinho não tem lugares marcados, que devemos preservar aqueles que estão do nosso lado, cuidar como se cuidássemos de nós mesmos e que sempre será bem vindo aquele que quiser fazer parte de tão distinta tripulação.


E eu to aqui falando esse montão de coisa e sinto que não disse tudo que tinha para dizer... é assim mesmo, nunca dizemos tudo, não por não querer, mas por não poder...






27.1.08

Um tanto de tudo no mesmo lugar, apenas colocando, colocando, tão cheia já de tudo que me sinto sufocar, sentimentos tão distintos que nem deveriam ocupar o mesmo lugar. Está tudo tão confuso que nem ao menos consigo expressar, as vezes sinto que tudo isso é um jogo... não tenho tanta certeza se quero apostar, quero jogar as cartas para o alto, virar a mesa, sair da sala, fechar a porta e só andar, nada mais.
Afinal, o que significa ganhar no jogo da vida? Vivemos assim, ganhando e perdendo, sem poder apenas seguir, ir, gostaria mais de sentir que neste momento é apenas rio, que vai indo, seguindo seu fluxo, as águas em sua calma, passando, sem ter tempo para chegar, apenas ir, sem ter de apostar.
As fichas na mesa, é tanto a se perder, já não me sinto mais parte, apenas um pedaço perdido no meio do nada, o que ganharia então, uma doce ilusão construída de sonhos que as vezes já penso impossíveis, já não me sinto parte de lugar nenhum, não lembro mais onde foi, não me lembro em que parte do caminho me perdi, acho que fui indo, indo, seguindo sonhos impossíveis e nem me vi errando o caminho.
E agora depois de todos os ditos e não ditos, já não sei mais, as vezes acho que nunca soube...o que tem lá na frente? Eu ia pedir uma chance, ia pedir para se deixar me conhecer, e quem sou eu? E me questiono, tanto e tanto e só acho tudo isso muito errado, não sei se espero mais ou menos de mim, me pergunto quem sou, me pergunto como, e se poderia dar mais de mim, me pergunto o que seria eu, sou feita de sonhos, de mil coisas bonitas que quero realizar, o que sei eu?
Ontem falávamos do conjunto da obra, e como poderia eu pedir que soubessem de mim, se nem eu sempre sei, as vezes acho que mudei tanto que já me perdi de mim mesma, o tempo vai passando e embora as vezes rodeada de tanta gente, me sinto só, me sinto Dom Quixote, lutando contra monstros imaginários que só eu posso ver.
Acontece que não quero mais, cansei, já não sei mais o que é real, me perdi entre ilusões, e para onde quer que olhe, não vejo mais nada além da neblina que me cega, branca, tão densa que sinto poder tocar, então estou aqui sentada, me sentindo no meio do nada, sozinha mesmo estando rodeada, não vejo nada além e se eu coloco minha mão frente aos olhos, nem ao menos sei quantos dedos tenho, engraçado, sinto o corpo, não o vejo, nem sei mais que formato poderia ter, será que mudei?
Já não sei mais, ontem eram sonhos, hoje, realidade em chamas.

24.1.08

OQueMeFazVoltar

O que me faz voltar no dia seguinte? É mais que os sorrisos, que os abraços...
São os pequenos momentos, mas tão grandes em sua intensidade...é ouvir, eu consegui, é ver uma sutil mudança, e ter a certeza de que eles podem mais, é a felicidade que me dá, tem dias que nem caibo em mim...não, não são só flores, tantas pedras no caminho, tantos muros a escalar...
É me ver um pouco nos olhos deles, e saber que eu de certa forma também já estive naquele lugar...
Fico buscando uma forma mais correta para expressar tudo isso que sinto quando estou na sala, não poderia explicar de uma forma melhor que os amigos que tanto admiro, sim, são as pontes, a surpresa, o amor pela arte, mas é mais.
Busco um pouco que eles possam entender que através da arte podemos dizer muito mais do que com palavras, podemos mostrar aquilo que não queremos dizer. Quando era eu ali aluna, me escondi atrás da arte, me perdia em meus desenhos e me sentia menos sozinha, até hoje faço assim, me escondo um tanto, me mostro pouco, tenho medo. E é ali na sala de aula, são os pequenos quem realmente me conhece, é ali com eles que sei ser palhaça, que sei ficar engraçada, é ali com eles que não sou julgada e nem julgo.
Eu volto todos os dias e voltarei sempre, pois é ali que sei ser feliz, é ali que me sinto completa, e talvez seja egoísta dizer, mas as vezes acho que é egoísmo mesmo, pois eu aprendo todos os dias, voltar é uma forma também de retribuir, voltar é uma forma de dizer obrigada.
Voltar é tanto mais que só isso, eu volto, pois estar ali é um vício, estar ali é um pouco paraíso.
Ainda não sei dizer tudo o que me faz voltar...talvez volte aqui amanhã para dizer mais, talvez eu volte todos os dias aqui, pois a cada dia, descubro um pouco mais o motivo, as razões que me fazem lecionar.

12.1.08

Estou ali sentada lendo livro, tentando ocupar a cabeça com coisas menos fúteis. Estou ali sentada de maneira displicente, os olhos acompanham palavras, linhas, vírgulas, pontos e parágrafos, mas são só os olhos, e quando percebo, volto algumas páginas e tento retomar, as vezes parece que não consigo sair do mesmo lugar.
Ali estou eu sentada, procurando uma forma de me distrair, querendo gritar, querendo sorrir, ali estou eu tentando fingir que tá tudo bem, segurando com força todos os impulsos a que sou repelida.
E nem sei mais nada, nem lembro mais como era, nem sei como vai ser.
E lá venho eu aqui de novo querendo dizer tantas coisas entre as linhas de luz refletidas na tela de um computador, de que valem essas palavras se não são acompanhadas dos olhos? De que valem as palavras se não estão com a tonalidade certa da voz que pensa? De que valem todas as palavras do mundo se não posso provar meu ponto de vista?
Valem só aqui, pra mim, bela covarde, se escondendo atrás da tela, tentando dizer muito mais do que poderia... Bela covarde eu, aqui trancada em casa, cabeça longe, coração mudo, ansiedade pura, me escondendo, de tudo aquilo que ainda é preciso enfrentar.

Parece a cabeça pregando peças no coração, tudo funcionando numa velocidade que nem posso mais acompanhar, tanto a fazer e me sinto sem forças, nada parece tão real quanto pareceu ser num outro dia qualquer, só posso fazer imaginar já que não tenho forças para fazer mais nada, me deito na cama fecho os olhos, tento esquecer, procuro imagens guardadas que não tenham nada a ver, procuro músicas que não possam me fazer reviver, procuro qualquer coisa que faça um pouco disso tudo parar. Como num carrossel sem controle, girando e girando sem sair do mesmo lugar, nem posso mais ver, está tão rápido que são apenas cores flutuando em volta de mim...

Pessoas a minha volta procuram respostas que justifiquem meus atos, não existe resposta e não me importa justificar mais nada, sou o que sou, assim mesmo, as vezes sinto que os outros ficam buscando algo para poder me classificar, como uma espécie de animal desconhecido, qual o gênero, qual família, que espécie? Nada disso, desculpe, não sou classificável as vezes um pouco Rita, assim, meio mutante, só uma garota, procurando ser mais do que feliz, só uma pessoa, mudando de idéia, atravessando as ruas, perdida no meio do caminho.

Só eu do jeito que sei ser, só eu, sem rótulos, só eu indo sem me importar, sem querer me explicar ou justificar. A imagem toda é mesmo um tanto confusa, parece tudo um tanto desconexo, corpo, alma, rosto, imagem, roupas, casa, fala, as vezes parece que é um retalho de tudo um pouco, é assim que sou, não vou justificar...

Toda errada mesmo, e no meio da cominho talvez mais erros, um pouco menos corajosa eu acho, estico os braços, forço os dedos, tento alcançar o inalcançável, não há nada lá, só ar, estico o corpo, está escuro, nada, um puro vazio, uma imagem que eu mesma criei e que talvez não exista, eu, assim, procurando querendo encontrar algo que talvez não exista, estou cansada, já não tenho mais forças.

Só minha cabeça pregando peças no coração, só eu tentando encontrar o caminho entre o certo e a razão, e não sei mais em que parte de mim eu posso confiar, coração tá meio mudo, calado e a cabeça falando sem parar, gosto mais de ouvir o coração, que cego de paixão não sabe dizer não, quero mais é ouvir um som e dançar sem me importar...

Me sinto dias, na beira de um precipício, a segurança do chão desagrada, fere os pés, queima o corpo, quero o vento do salto, e talvez dure apenas um segundo até mais uma vez encontrar o solo, mas não é por esses segundos que vivemos, sim, eu sei, quero algo mais concreto, mas neste momento, apenas a opção entre o asfalto quente e o voo, que tipo de pássaro seria eu se não batesse as asas?

9.1.08

Ali na esquina começa o caminho, daqui posso ver toda sua extensão... o que se segue virando à direita, tons de bege, nem quente nem frio, caminho planejado, linha reta, rua bem asfaltada, seria tão certo se não fosse errado. Seria certo se não fosse eu assim como sou, seria certo se a racionalidade passasse por cima da emoção, seria certo se fosse fria, mesquinha e calculista, seria certo se eu fosse outra...
Entretanto existe um outro lado, o caminho que se segue à minha esquerda, ali, não posso ver bem o que me espera, acho que tem umas pedras no meio do caminho, algumas nuvens de chuva, e um cheiro de terra molhada.
Eu tiro os chinelo já velhos e desgastados, de pés no chão, vou me virando lentamente, ainda não, mas já posso sentir a terra sob os dedos, é o desconhecido, é o que quero, é pra onde vou.
Já sei, que ali, nada será tão fácil, alguns lutas por objetivos nobres, talvez encontre derrotas, outras vitórias, não importa, o certo é que é ali, naquele caminho incerto que encontrarei o que é mais certo...pra mim.

5.1.08

SemAcento

Desse jeito sem tempo sem sentido, so sentindo, sem acento sem tempo so medo, caminhando pensando, refletindo, sem sentido, so indo, as vezes musica, outros passaros, tem dias que so vento, e o cheiro que entra, inalo, transpiro e nem sei mais...
Uma certeza incerta de que na curva encontro a resposta, mentira, nao esta la, so mais uma parte do caminho, e ainda sem uma resposta que eu possa realmente tocar, uma bifurcacao, e eu tenho que escolher, as vezes so queria esperar, nao da mais, tem que ser...uma hora vai ter que vir.
estou tao longe la longe que nao da nem para alcancar...assim mesmo meio confuso, a falta dos acentos deixa tudo mais dificil de ser compreendido quando lido por olhos distantes que nao sabem o que e para ser lido.
Nem eu sei, quero so dizer, falar que aqui nao ta nada facil, antigamente estar aqui ajudava, no meio do mato, o cheiro da grama, o vento antes da chuva, a cerveja la fora e poemas escritos com maos tortas...nao esta ajudando, nao decido nem defino os contornos do caminho.
Me parece que ja passei por tudo isso, e agora e definitivo e eu quero mais...
O tempo esta passando e nada esta ficando mais facil, uma hora vai chegar o momento, estou esperando, sempre gostei mesmo de deixar tudo para a ultima hora, entretanto estou sendo mais soncera, mais honesta e tenho dito um pouco mais de tudo isso que sinto, da ate alergia...risos?
Nao vou nem conferir os erros de ortografia, deixa assim mesmo, somos todos feitos assim desses erros meio estupidos que deixamos pelo caminho, uma hora eu volto, vou direto pra sao paulo, quero ir nos lugares que gosto, tomar vinho no restaurante da Pinacoteca, ficar olhando os transeuntes da paulista, vou caminhar no ibirapuera, sentar num boteco com a galera...esquecer um pouco e sonhar de novo...