18.6.07

Pesadelo


As palavras sumiram, quase todas, me restaram algumas, me parecia que junto com elas, levaram também tudo elas representavam, todos os sentimentos, me sentia vazia, então me vi de volta à casa de meus avós, de noite, dizendo adeus à amigos, um assassino, manco, rondava a casa, não podia fechar a porta, seus olhos verdes encararam os meus, deitada, o corpo transformou-se, algo frio, acordei, era tarde, quatro e pouco da manhã, ainda pensando nas palavras, roubadas, perdidas para sempre, medo, acendi a luz, ainda as palavras, assustada, sozinha, estava confusa, não sabia o que fazer, quase liguei, mas não, não poderia, era meu, ainda pensando nas palavras, adormeci, tudo voltou, o roubo, o monstro, num cenário lírico, das imagens já usadas, coloridas, numa corrida louca entre a procura do que me foi tirado e a fuga do que me perseguia, amigo virtual, era o cavaleiro no cavalo branco, protegendo, ajudando, pessoas estranhas saiam de salas ajoelhadas, maltratadas, lugares cheios de gente, não encontrava nada, apenas um amigo, me dizendo o que fazer, entre o dormir e o acordar, meio sem saber.

Manhã fria, imagens cortadas ainda na cabeça, nem tão assustador quanto me pareceu na madrugada, mas ainda sim, vim conferir as palavras, todas salvas, cada vírgula ainda postada, imaculada, tudo aqui, nem tudo, nem todos os sentidos, ficaram no solar, estão morando agora com o Senhor dos Sonhos, irei visitá-los na madrugada, quando meus olhos forem capazes de fechar, quando for necessário adormecer, se for possível.

Estarão lá, aqui, nesta esfera, apenas palavras, contando histórias, malucas, perdidas, um dia já sentidas, quem sabe então um dia, quando lendo essas palavras possa novamente sentir um pouco de tudo, mas neste momento, apenas nos sonhos, no mundo paralelo, onde podemos voar, sentir, acordar sem nada.

Liberdade, me sinto mais livre hoje, mais tranquila, bons pesadelos que levam consigo tantas coisas, seriam então sonhos?

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