25.12.07

MeuEuLírico

Palavras, gestos, pensamentos, idéias, passam circulam, ressoam, ecos, momentos instantes, nada mais, nem certo ou errado, apenas está lá. Quieto maroto momento esperando a hora de chegar.
Que seja que se vá, que foi ou talvez ainda o é, nem sei nem quero, jogos de palavras, sentimentos entrelinhas, verdades escondidas onde não se quer encontrar, velamos os próprios olhos com tules coloridos, querendo acreditar que é tudo muito mais mágico do que fora do espelho é.
Buscamos cores inexistentes num universo vulgar, fui eu quem trancou os monstros no armário, deixei sair os seres fantásticos do espelho do banheiro, nem tão rosa assim, apenas mais divertido, um pouco mais de novidade num mundinho tão chinfrim, que graça tem se tudo já se sabe?
Queremos descobrir um mundo novo, mentimos tanto no passado que agora tudo virou verdade, o que seria melhor? Soltar os fantásticos ou desvendar a verdade de teus olhos? Quero tudo, tudo agora sem demora, mais graça, mais diversão, mais vida.
Quero os risos de crianças, quero mais ingenuidade, menos disso tudo, mais dos sonhos, que sonhos, tão cunfusos quando acordo ensopada no meio da madrugada, estrelas velando meus sonhos e pesadelos, sonhando inúmeras vezes de olhos abertos, sol como companhia...
Menos disso tudo, um tanto mais daquilo outro, que outro? Sabemos nós o que espera na curva da estrada? Apenas o doce canto das sombras chamando a caminhar, somente o desejo dos pés de continuar.
E vejam, vejam bem, não me quero fazer explicar, é a boca cantando os versos, outrora esquecidos, mudos pelo sonhar, de olhos abertos, agora, nem sei se quero lutar, viver neste instante me basta, a vida tomou outro significado dados os fatos, que ainda me fazem os olhos marejar, é curto, é êfemero... a efemeridade da vida encanta, então que seja, como diria o poeta, que seja eterno, o tempo que durar, sem ontem, sem amanhã, o agora, o instante, o que vale é o que se dá valor. Nem mais nem menos, nem dançarei conforme a música que toca, canto pra mim e nessa dança estranha, sou mais uma vez assim, desse jeito que sei ser, e se parece loucura sou assim, já cantamos sobre isso outra vez, e dizem mesmo que sou louca, mas eu sou assim, e feliz vou seguindo, enquanto o tempo aqui durar, vou indo, louca sim, mais consciente, é um trunfo, saber onde começa e onde termina a minha realidade, louca sim, do jeito que sou...
Entretanto não tenha medo, prometo que não vou morder, bem talvez um pouco, não vou surtar, quem sabe só um pouco, mas que gosto teria a comida sem sal nem pimenta? Que graça teria se soubessem tudo?
Não quero fazer sentido hoje, não pretendo, de que adianta me explicar? Bastaria olhar os olhos, bastaria ser também...um pouco louco.

23.12.07

Busco palavras, procuro explicações, as palavras não me bastam, os cigarros só me enjoam...
Achei que seria preciso esperar um pedido, as mesmas palavras que outrora num passado nem tão bem esquecidos, foram jogadas ao ventos de forma displicente. Naquele tempo era preciso um porto seguro, um lugar onde aportar...
Neste momento já não importa, se ele estiver lá, que esteja, será bem vindo, muito mais do que imagina...
Entretanto não precisa pedir, melhor assim e é difícil querer explicar, compreendo o que me fiz mostrar, indecisa, incerta, os atos contestaram as palavras, concordo, fiz tudo que jurei não fazer, disse nunca mais, e voltei, como poderia outra vez acreditar em mim? Estou certa de que eu não acreditaria, espero que sejas alguém melhor que eu ...
Quero ir, por mim, não precisa pedir... e se eu estiver errada, já estive tantas vezes, como diria o poeta, colecionarei mais um soneto, outro retrato em branco e preto...
Mas não posso ficar na morada onde o coração não reside, não poderia, não sou assim.
Sou feita de alma, desejo e coração, tá faltando uma parte de mim e nem que saia por aí à procura pelo resto da vida, bêbada errante pelos bares da vila, estarei procurando esse meu coração.
Confesso, o medo está escondido atrás da porta, só de olho esperando a tão esperada hora da decisão, a ansiedade se instalou em meu leito e dorme abraçada comido nas noites de solidão.
Desta vez, é tudo um tanto mais difícil, na verdade um tantão assim, mas com poderia eu, abdicar dos sonhos que com tanto zelo cuidei por toda a vida, confundi tudo, troquei os pés pelas mãos de novo, sou assim, vou consertando os erros no caminho, trilhando essa vida assim meio perdida, o que se há de fazer?
Como poderia eu não sentir como a pele arrepia, como a boca suspira, como poderia eu negar, por toda a minha vida?

21.12.07


Um pássaro preso numa gaiola de portas abertas, asas querendo bater, medo de voar, medo de voltar.

As águas do rio apressado chamam, querendo bailar...liberdade, vento, incerteza ... solidão?

É o som do samba ao longe, doce encanto, desejo ... cheiro de suor, de noites em claro, coração acelerando ao barulho do surdo, quase parando e retornando.

É o não-significado de tudo isso, palavras indo e vindo, sem cheiro ou gosto, apenas palavras, daquelas que nada querem significar além da própria razão, razão?

Não, não existe razão em nada disso, é mais que instante, quero mais que um momento.

São as canções dos bares, nos becos, é a voz ainda rouca, parecem ecos dentro do peito, aflito.

Talvez, num outro momento, belo pássaro entristecido, teria apenas partido, ido, sem nada que o prendesse em lugar algum.

Pobre pássaro ferido, mais uma vez o desejo de voar, esse medo bandido, infinito de mais uma vez ter de despedir-se do som.

O caminho lhe parece o mesmo, mudaram apenas os termos, nunca o sentimento que outrora não foi esquecido, apenas guardado, entre outros retalhos de belas desilusões.

Embora as asas ainda permitam o vôo, basta o verbo, imperativo, venha, voe, fique.

Bastam palavras simples, como bastaram num outro momento de total entrega que mais um vez incompreendido pássaro, foi.

Bichinho ferido, bendito, maldito, mais uma vez busca o sorriso, no meio da multidão, entre o sim e o não, querendo cantar.

Lhe falta a melodia, a letra, os música, lhe falta tudo, pássaro vendido, só não lhe falta o desejo.

Só espera o tempo, o verbo...

19.12.07


Complicado provar que a verdade é muito mais simples que o próprio contexto, fazer crer que a realidade está naquilo que apenas os olhos podem ver, que as palavras calam no receio de tantos erros cometidos durante o tempo, palavras que poderiam querer dizer algo entre as linhas das rugas sob os olhos cansados de olhar o horizonte...

Estranho que o torpor do corpo permaneça mesmo à distância do tempo e espaço já percorridos, que o sabor permaneça nos lábios... lábios de sorrisos que fogem ao controle... vêm com a lembrança, nem que não seja aquela feita de imagens, são os sonhos, sonhados de olhos abertos...

É o querer dizer quando não se pode falar, é o que o tempo revela, mesmo já tendo passado, tempo esse que não parece ter existido já que é novo, já que é real, mais ainda do que outrora possa ter sido, visto que em tempos idos era a conquista e o querer conquistar, agora o tempo revela que são os mistérios que fazem o querer contar, mas palavras não seriam o mesmo tanto do que o coração quer dizer...

Palavras não contemplam, não iriam ser nada apenas de palavras jogadas ao vento, então que o tempo, este velho inimigo que se mostrou na verdade um dos melhores amigos daqueles que não sabem ver, revele aquilo que se queria pronunciar.

Não me valerei de rimas ou de jogos de palavras, basta a voz abafada, o suspiro guardado, os lábios grudados, olhos nos olhos, basta se fazer acreditar na simples e pura verdade, nem tão simples, nem tão cumplicidade.

Apenas aquilo, que não se pode falar

15.12.07


Você já foi indo assim tão cedo, nem deu para dar tchau... não vou perguntar o motivo, aposto que você tinha os seus, todos temos motivo para de vez em quando, ter um surto, mas acho que nenhum de nós esperava por isso, é um adeus bem saudosos, e essa saudade, eu não vou poder matar mais...

Ainda não acredito, te vi lá, quietinha...parecia um anjo dormindo, estava linda viu?! Escolhemos para você um vestido azul da cor do céu, não deixaram você usar todos os seus acessórios, mas nós separamos para você!

Eu ainda acho que você vai ligar aqui e me chamar de louca e dar aquela risada gostosa com a mão na boca que só você sabia dar, ainda acho que vamos tomar aquela breja que fica só na combinação e relembrar dos bons tempos...

Lembra, porque eu lembro que você me bipava para responder a chamada...

Lembra, porque eu lembro como a gente contava piada...

Lembra, porque eu lembro que a gente clava nas provas...

Lembra, porque eu lembro que a gente matava um montão de aula...

Lembra, porque eu lembro que a gente sempre deu muita risada...

Lembra, porque lembro quanto fui no seu chá de bêbe...

Lembra, porque eu lembro que fui lá na maternidade...

Lembra, minha amiga, porque eu vou sempre lembrar, que você era maravilhosa, era amiga de verdade, era águia...

Agora é saudade.

14.12.07


Alguns dias, quando acordo cedo, ligo a televisão, eu poderia escolher assistir aos desenhos, coloridos, divertidos, engraçados... acontece que sou teimosa e ligo no jornal, o dia que poderia começar com risos, se inicia com a revolta, com o questionamento do que eu poderia fazer para mudar.

Uma mulher morre, pois não tinha dez reais para completar o valor da bombinha de asma, policiais são presos por pedofilia, homem morre ao cair com carro no rio Tamanduátei, mas essas são diárias, já não me causa tanto espanto, olha só o que estou dizendo, as notícias já não me causam espanto, sim, me repito, pois não me conformo, é a realidade de todos nós, não nos espantarmos mais, ao ver e ouvir a desgraças alheias do dia-a-dia.

Como é isso né, não nos importarmos, essas coisas já fazem parte de nosso cotidiano.

Aí, então, hoje, uma reportagem sobre um morador de rua que mora num buraco no meio de uma Avenida, ele chama Sérgio, e respondeu ao repórter que se sentia mais seguro morando no buraco... ele tem filhos, já teve uma família, uma casa... perdeu tudo, e chorou, eu chorei junto, porque nesses momentos eu fico pensando nesse país que nós vivemos, não olhamos mais para o lado, e quando vemos alguém na rua, acho que nem pensamos mais que aquele cara lá, deitado no chão, é gente, que nem a gente... e que de certa forma é culpa minha e sua ele estar lá... o que fizemos para mudar essa situação? O que podemos fazer para mudar?

E eu fico pensando em formas de ajudar... e mil ideias me surgem, e confesso, não sei por onde começar.

Eu acredito que esse sentimento não seja só meu, e como não, onde3 estão estes tanto outros como eu que engolem seco esse sentimento, que fecham a boca quando deveria falar... as vezes falamos, e as palavras se vão com o vento, viram fumaça e se esquecem se si mesmas...

A culpa disso tudo não mudar, é um pouco minha, um pouco sua, um pouco de todos... e não adianta mais dizer que é daquele que detêm todo o poder... é nossa, e é momento de mudar, é o momento de começar, e um a um, espero que possamos todos juntos lembrar que o cara que está lá, e gente, que nem a gente.

8.12.07

ParaTodasAsMulheres

Ela que de si mal sabe dizer, não pode explicar o que os olhos buscam quando nada parecem ver, ele que as vezes se pensa enxergar, um tantinho além do que os outros podem ver...
Essa mulher sem hábitos certos, tão incertos quanto um bater de asas num fim de tarde em tons de rosa, essa mulher que tem um quê que não se pode explicar, chamam de loucura, de veias de artista, essa mulher que se sente tão simples frente a vida, mas vistas entre olhos que observam seria uma flor um tanto exótica, não se sente assim tão diferente, apenas é o que sua alma de mulher deseja ser.
Um tanto pura e indecente, com os lábios entre abertos, as vezes loucos de desejo, a boca sedenta as vezes por beijos e gozo, mas com sonhos brancos de menina nova ainda não desabrochada.
Ah essa mulher que não sabe se dizer, que não se pode contar... é apenas mulher como as tantas outras que passam por ela na rua, alma de mulher...
O grande problema é essa bendita alma das mulheres, essa alma livre e misteriosa, voluntariosa...coisas de mulher, dessas mulheres de olhos marotos e semi-sorrisos de lembranças...essas mulheres todas, tantas, que são aos olhos desatentos, apenas mulheres...
Toda mulher tem um quê de não sei o que...toda mulher é, a sua própria maneira, a mulher perfeita, tem dias de chuva com sol, toda mulher tem em si... um tanto de infinito

6.12.07

Menino


Os olhos marejados, queria chorar junto, abraço, lágrimas quentes vertendo no rosto de um menino, ainda tão criança nesse mundo tão adulto, não era palavras e sim soluços, o rosto vermelho, vergonha e medo.



E eu lá, procurando palavras, como mentir, dizer que vai passar? Já se passaram quatorze anos e ainda não passou para mim, eu não pude esconder a verdade...



Não passa, não vai passar, a saudade dói demais, vai doer sempre, o buraco no coração vai sempre estar lá...



O nó, não era na garganta dele, é no meu coração, sem saber o que fazer...





Fico pensando as vezes, no meu lugar, eu não deveria ter a resposta? Adulta, professora... mas não sei, eu disse a verdade, olhei nos olhos daquele menino tão triste e disse a verdade, eu disse que nada do que eu dissesse faria a dor passar, disse que estaria ali, mas não disse que me sentia impotente, incapaz, não disse que seu pudesse arrancaria a dor com minhas mãos, que se fosse possível passaria por aquele momento no lugar dele...





Eu me questiono, eu suspiro e não encontro, não sei as respostas, eu não sei...





É o sorriso desse menino que não pode se perder, sou eu perdida, sem saber o que fazer...

5.12.07

PorBaixoDeTudo


Nem tão assim, pode parecer muita coisa, talvez um pouco louca sim, mas na medida certa, nem tanto assim...

Um pouco de tudo as vezes, mas nem tanto assim quanto tudo o que aparenta e as vezes amedronta, nem tão louca, nem tão correta, também não em cima do muro, tudo depende, é o momento é o instante, é o que o coração leva, nem sempre certo, mas é o que falta... É onde a alma quer ir, e não vou remar contra essa maré, talvez por isso a aparência de impulsiva, mas quem pode negar o que no fundo se quer?

Nem por isso assim tão assim, na verdade, um pouco menina dentro de uma mulher, as vezes humana querendo voar, nem tão prepotente e cínica e sarcástica, as vezes apenas piada, entre tanta confusão...

Talvez um pouco de timidez entre tanta expansão, tanta vontade de dizer tantas palavras que se calam na garganta seca, talvez o suspiro quando o coração só quer berrar...

É tanto aqui dentro que parece confusão, nem tanta confusão, é o não querer abrir assim, mesmo querendo, é o desejo e o receio, é o saber estar falando demais da conta sem realmente falar...

São as vírgulas e o pontos que escondem o grito, é o querer dizer de mim, sem ao menos saber tudo, é a constante busca entre o eterno conhecer.

É a certeza do querer para o amanhã, sem saber do hoje, quero casa, marido, filho, risos, amigos, família, quero a para sempre, e não sei demonstrar, não soube antes, talvez não o saiba ainda agora.

E lá atrás foram máscaras, era o querer conquistar, e já não é mais, agora sou eu, sem caras ou máscaras, sem roupa, é assim, sou eu assim, não tão louca quanto fiz parecer, perdoe, eu não soube me mostrar, ainda não sei, estou tentando, é aos poucos, é o tempo que nos faz conhecer, é o tempo senhor de todos os momentos, e se puder parar para ver, se puder ainda enxergar, é assim, um tanto confusa, não tão louca, um pouco pura.

Ainda sabendo o caminho que quero seguir, mas não conhecendo o percurso, assim, nem tão doida, só um pouco...estranha, querendo conhecer, querendo ser conhecida.

Elas não fugiram todas...as palavras, elas ainda estão aqui, e talvez agora lidas, quem sabe, na hora certa?
Quem sabe no tempo errado, é o tempo correndo no seu próprio eixo, e quem sabe agora não seja a hora?

Quem sabe, eu acho que talvez as palavras deveriam ter sido guardadas, mas quer saber? É assim que sou, e vou indo, com a maré do coração, com a maré do que sinto e ainda sou...nem tanto assim, só eu, ainda perdida, no tempo...

4.12.07


Gotas geladas contra a pela quente, ainda pouco para curar o calor, a chuva aperta no céu azul de nuvens aquareladas, chuva aperta, janelas abertas, cheiro de terra molhada, asfalto quente em tons de cinza escuro, refletindo as cores do belo céu de dezembro.

Cabeça longe, passos que não querem andar, tempestade sem raios que sossega o coração, não pode haver tristeza num dia onde há chuva e sol, onde o calor não sede aos pingos.

Ainda escassas as palavras, ainda tentando reencontra-las.

É mais um céu de aquarela, colorindo os olhos, dos que sabem olhar para o céu.

3.12.07


Momento, um instante no tempo...apenas isso, um instante, é do que é feita a bela vida, de instantes, momentos, de tempos em tempos.

Não há o que pensar, foi momento e só, instante guardado numa caixa de doces, para ser saboreado, quando de olhos fechados na calda da noite.

É o tempo, este doce elemento, ainda pequeno, brincando entre o vento, colhendo as flores.

São poucas palavras, aqui só a calma de quem tomou uma decisão agora sinto que entendo as palavras, um dia ditas, sobre o tempo ter seu próprio tempo, agora é tempo de retornar à vida, deixar seguir, o vento batendo entre as asas, apenas voando, seguindo a maré, não mais querendo correr, indo, indo...é piegas e é tão lindo.

Mais um dia, apenas entre amigos, falando, contando, brincando...

Um instante, um momento...sem tempo para terminar.

4.11.07


As palavras se foram, calaram-se, surge então tinta, pincel e tela, as cores contam, mostram e somem, mais uma vez a angústia do silêncio, sem armas para por para fora, está ficando cheio aqui dentro, as vezes parece que tudo está perdido.

Olhos voltados para o horizonte, muitas perguntas, que nem sei quais são, um pouco de dor e nada de resposta, algo acumula aqui dentro...quero fugir, escapa de tudo, esquecer de mim.

Um tanto melancólico talvez, alguns dias são assim mesmo, cinzentos mas sem chuva, apenas o dia parecendo noite, é o céu constantemente ameaçando cair, só ameaçando.

Só acalma quando entre os pequenos, as risadas, alimento da alma, mas o sinal bate todos os dias e é hora de voltar para casa, apenas o corpo cansado, moído, as lágrimas no canto dos olhos que não querem verter, ficam lá, apenas lembrando do coração doído.

E é momento de sorrir, pois está tudo bem por aqui...tudo caminha como deveria ser, a casa está florida, e não sei explicar..

Um pássaro, sozinho a pensar...

26.9.07

A calma apressada que o momento me traz agora, são planos encantos de uma realidade bordada, dos desenhos de infância que me parecem agora tão reais, e nem tudo tão igual quanto os olhos infantis um dia chegaram a sonhar, embora ainda apenas imagem, parece que as vezes já posso tocar...
A vida me trouxe lá de longe, talvez nem tanto assim, algo novo, embora já velho conhecido de outros carnavais, e tem sido folia, risada e música, é calmaria e meus olhos já se habituam ao mar sereno e a manhã de sol. É cor é luz, um sossego estranho que me parece agradar.
Ando ainda pela boêmia, sempre em boa companhia, daqueles que tanto quero bem, que me fazem sorrir e viver, as vezes ainda com certo assombro talvez um encosto que ainda me faz tremer, é o medo do escuro, dos monstros absurdos que as vezes em meus sonhos vêm, faço como fazia na infância, acendo a luz, a claridade as vezes acalma, traz a segurança de tudo o que posso ver.
E tenho pensado, sonhado e desejado ter um novo ser, talvez seja a idade batendo à porta, e faz parte é da mulher, mas ainda não é tempo, ainda não temos dinheiro, nem teto, só emprego, mas ainda é cedo, existem sonhos e vontades, algumas verdades que ainda quero possuir. Talvez nem todas do mundo, mas apenas as vírgulas, que me fazem respirar...
Tem dias que ainda me sinto perdida, não sei se um dia encontro, me encontro, mas ainda vou seguindo, do jeito que sou, que sei ser, apenas aquilo que me faz mover...um pássaro, voando baixo, procurando um galho, para me sentar...

20.9.07

Especialidades

Qual é a sua especialidade?
Quando penso nas crianças que digo serem especiais, na verdade, é o lado positivo ao que me refiro, ao fato de que esses seres especiais, nos ensinam todos os dias muito, sobre superação, sobre não nos dar por vencidos diante das dificuldades impostas não apenas pela vida, mas também, por problemas físicos e/ou mentais, que dificultam ações do cotidiano, não, eles não desistem, descobrem maneiras diferentes, novos pontos de vista.
Entretanto, um aluno me fez uma pergunta, querendo saber o que me tornava especial, respondi que era o fato de eu ser única, diferente de todo o resto, assim como ele e como todas as pessoas, eu tentei explicar que somos todos especiais, então ele me perguntou qual era o meu defeito, na hora me ocorreu algo até engraçado, é o humor que me falta quando estou com sono, quando eu era pequena, minha mãe dizia que eu ficava até meio esverdeada quando com sono, hoje sou um pouquinho pior que um pitt bull com raiva, não me ocorreram outros no momento, agora, óbvio que me vêem outros à cabeça, mas enfim, não vou ficar fazendo propaganda negativa não é?
O que me leva a escrever nesta manhã ainda nublada é a pergunta, qual é a sua especialidade? O que te torna tão único?
Você agradece todas as manhãs por ser você, esse serzinho tão singular? Eu agradeço, afinal de contas, que graça teria o mundo se fossemos todos iguais? Veja bem, não quero ser mal interpretada, não falo de diferenças sociais, de cor de pele, religião, visão política, enfim, as coisas que nos diferenciam por fora, mas sim das coisas que nos diferenciam por dentro!
Um brinde a todos que são únicos!

15.9.07

Me ocorre as vezes algumas atitudes que podem modificar todo um percurso, cada passo muda tudo, e é tudo uma eterna mutação. É fato que nem tudo é escolha, visto que existem momentos em que não há nada a ser feito, hum, na verdade, poderia sim, ser feito algo, mas decidimos por não fazer. É então acabei de detonar meu primeiro argumento de que nem sempre podemos decidir...
É certo entretanto que algumas vezes continuamos caminhando e olhando para trás, procurando algo deixado lá no passado que não mais pode ser recuperado, como então, seguir sem aquele pedacinho que tanto nos faz falta?
Acho que terei de ser um pouco mais específica, pois nem eu mesma estou compreendendo direito, na verdade, nunca me compreendo mesmo. Quero falar sobre amor e paixão, dizem por aí que a paixão é algo passageiro, que um dia acaba, acaba mesmo? Ou seria apenas questão de alimentar o fogo?
Já o amor, dizem que é eterno, que engloba mil coisas como amizade, companheirismo, devoção, ah, mil coisas... mas não encontro no amor a paixão, acho o amor mais calmo, mais compreensivo, nos traz para um porto seguro.
É isso que me faz pensar ultimamente, nas paixões que deixei para trás e do amor que venho vivendo, um é melhor do que o outro? Como saber qual o melhor caminho?
Sei que não existe uma resposta, mas como sou, da maneira como sou, sinto falta do mar em fúria, do coração acelerado, da sensação do completo, mesmo sabendo que o futuro que desenhei está aqui vivo em minha frente, me falta acender o fogo da paixão, quero fogo e água juntos, quero amor e paixão...
É possível?

7.9.07

silêncio

A cidade amanheceu em silêncio, abri os olhos entre sonhos tortos, o corpo ainda cansado, tudo um pouco embaçado, busquei os sons dos carros e caminhões da Av. Bandeirantes, nada, apenas alguns pássaros que já cantavam ao nascer do sol.
Me mantive ali deitada, ainda um tanto atordoada pelas imagens que insistiam em ficar, sonhos sempre me intrigam, nem Jung poderia decifrar os arquétipos, os símbolos e signos que me assombram em sonhos, seria assombro? Era um sonho de sonhos antigos, de noite e música e músicos, presentes e buscas. Procurava algo que já tive e nem sei se perdi pois já não fazia mais falta.
Queria estar mais longe, sem preocupações, só sol e piscina, um pouco de álcool para deixar tudo mais leve, bons amigos para rir um pouco. O tempo passa rápido demais, e nem será tanto tempo assim, já nem sei se me preocupo com tudo ou se é só minha cabeça, sem parar de funcionar.

24.8.07

A fragilidade da vida me espanta, falamos tanto em posso não voltar para casa esta noite, mas não é isso, é a velhice, é a maneira como quanto mais se ganha em vivência, em experiência, quando as velas do bolo aumentam, nos tornamos mais fracos, menos independentes. Não quero envelhecer, não por uma questão de rugas, elas são bem vindas na medida que contam o quanto vivi, não pelos cabelos brancos, pois os considero muito charmosos, mas pela fragilidade.
Existem lugares onde quanto mais velho se é, mais respeito se têm, aqui, bela piada não é mesmo?
Ainda me lembro, eu sentada, ainda tão pequena pequena na cama de minha avó, como ela era linda, sempre arrumada e perfumada, ainda sinto seu cheiro, era dela, sempre com os cabelos arrumados, e mesmo antes de dormir, usava salto, um dia ao se arrumar em frente ao espelho me disse, uma mulher deve estar sempre arrumada, devemos nos arrumar para nós mesmas.
Tenho certeza que de algum lugar lá em cima ela olha para mim e vê que sigo seus conselhos, gostaria de ter ouvido tantos mais, gostaria de ter sentado mais aos pés de minha avó, ouvido mais as histórias de sua vida tão vivida, tão lutada, mas a idade não me permitiu, nem o pouco tempo que pudemos passar juntas pela distância de nossas cidades.
E meu avô? Sentado comigo, me ensinado a colorir, a jogar buraco e fazer palavras cruzadas, quando ia me deitar ele se sentava ao meu lado na cama, me contava uma história antes de dormir, me deixava sentar em sua barriga, não era à toa que era o nosso vovô Bolão, durante o jornal da noite, um dos momentos que para mim eram mais entediantes ele me deixava pentear seus cabelos, ainda guardo as cartas de meus avós, letras caprichadas, cheias de muito carinho.
Que saudade eu sinto, tão grande e profunda, ainda os verei, um dia, hoje apenas a lembrança dos olhos de criança...

17.8.07


Pousada pensando numa ilha paradisíaca, sentada num galho sem saber se ainda posso voar, querendo partir e ao mesmo tempo sem saber se ainda pretendo voar, não sei se existe algo que me prende ou se realmente estou por querer, na verdade explodir seria muito mais opção, berrar surtar, talvez seja a febre afetando todos os sentidos, quero apenas deitar, olhar para o teto deixar de pensar.

Novas manias, tudo muito diferente e tão conhecido, o que é tudo isso que jurei nunca mais ver, sabemos bem como é isso esse nunca mais que nem vem nem vai, e pode parecer que falo de coisas que já se foram mas na verdade não é isso, algumas boas lembranças não despertam mais o interesse, talvez alguns dias uma remota e leve ponta de saudade, nada mais, o passado que bateu à porta e eu deixei entrar.

E é bom, é igual e ao mesmo tempo totalmente novo, mas não deixo de pensar no que já foi e temer que volte a ser, e fico confusa, distribuindo as matinais patadas desse serzinho aqui dentro que as vezes é bem rude ao sol da manhã, sem saber expressar, querendo apenas ficar ficar sozinha, um pouco em minha própria ilha.

Mas nem só disso meus pensamentos vivem, é momento de pensar no amanhã, saber fazer coisas que não sei, contar moedas e fazer as contas, é preciso, caminhar um pouco só, sem mais palpites ou interdições, sem mais ninguém, apenas as próprias pernas, e é muita coisa, tanta informação e são sonhos de futuro, que não sei por onde começar.

Ouvir um pouco o outro e não mais uma só voz, sentar do lado oposto do divã, e tem que ser agora, o relógio não pára, e é tempo de tudo novo.

Como sempre ainda confusa, como sempre sempre certa da incerteza do amanhã, a febre só fazendo tudo um pouco mais cansativo, ficar mais um pouco, deixar que tudo flua sem ter tempo de ver o sol se pôr...apenas mais um pouco da minha doce ilusão.

13.8.07

DepoisDeUmTempo


Tempo distante onde tantos novos instantes puderam me fazer pensar, nada mais como antes nem o velho nem o novo, tantas coisas nesse tempo... um medo, uma descoberta e nascimentos... tantas coisas para falar mas me parece que dá um branco, e nem sei por onde começar... uma saudade de coisas que já ficaram para trás, mas guardam ainda uma certa pontada de dor.

Começar do começa então? Mas onde começa? Não existe começo, são momentos, mas existe algo que me encanta todas as manhãs, foi o broto daquilo que desde o começo eu considerava morto, antes era só um galhinho, flores mortas num vaso bonito, mas, para minha surpresa, alguns brotos aparecem, não sei quando, e uma flor abriu, faz pouco tempo e todas as manhãs me sento, olho a linda orquídea branca que me encara docemente, inocente, uma flor que nasceu de coisas já mortas mas me desperta uma certa saudade, me faz pensar em uma história antiga que já deveria ser apenas uma lembrança em tons de sépia, mas ainda esta viva, colorida, ainda doída, mas a vida não para e não vivo de lembrança, o passado está guardado, ainda vivo pulsante nessa caixa dourada, um tanto enfeitada...

E embora não viva de passado o passado me bateu à porta trazendo novamente o que já estava esquecido, mas era novo, não faz sentido, mas é assim mesmo, e vou seguindo talvez agora tudo mude, é verdade que está menos corrido, menos vento e tempestades, não fazia parte dos planos, mas aconteceu e me sinto amada, sem saber se é amor, eu que vivo de paixão, estou vivendo assim, calma, pacífica, estranho...

Alguns amigos se foram, achei melhor assim, quero estar com quem está comigo, com aqueles que realmente gostam de mim, ficam os bons, os que sabem sorrir, belos amigos que amo e louvo tanto.

E nesse tempo que passei longe das palavras tanto me ocorreu, me doeu não deixar que nada fluísse, as palavras foram ficando cada vez mais caladas, e é tanto para dizer, que me perco e não sei mais como dizer, acho que perdi um pouco a mão das coisas, é preciso agora retomar, mas estou bem, as coisas voltam a fluir agora que tudo está novamente entrando no eixo.

Ainda cantando, dançando, vivendo cada dia. Nova, tudo novo, procurando e achando, nem tudo, mas é assim, vou seguindo pelos meus caminhos tortos, não poderia querer que fosse de outra forma, sempre há motivos para me fazer sorrir, mesmo quando quero chorar, vou indo caminhando e reluzindo, colhendo as flores no caminho, mais um dia, coisas novas para serem vividas, saudade das palavras que me faltaram o tempo que foi escasso.

mas voltei, voei um pouco alto e já de novo, mais uma vez volto aqui, voltarei novamente, todos os momentos em que for preciso, dizer algo que quer ser dito.

28.7.07

DeixarOQueNãoServe

Existem mil coisas na vida que é melhor deixar para trás, roupas que não servem mais, CDs riscados, sapatos velhos, meias furadas, coisas fáceis de se livrar, mas existe uma coisa que é preciso deixar para trás, mas com uma certa dificuldade, os amigos que na verdade nem são tão amigo assim...
O que quero dizer? O que quero dizer é simples, existem amizades que agregam valores, que nos fazem bem, que só por existir já é válido, mas existem algumas pessoas que entram em nossas vidas e por um tempo é bom, mas com o tempo, percebemos que já não vale mais a pena, que é só dar e não volta nada.
Os bons amigos, os de verdade, estão lá, para sorrir ou chorar, beber ou simplesmente ver TV, mas estão lá, e é o que importa, crescem junto, evoluem e falam sobre mil coisas, são amigos dos mais diversos tipos, e cada grupo é um, isso é agregar valor.
O que incomoda, são os "amigos" que acham que você deve sempre estar lá, quando a recíproca não é verdadeira, são os amigos que não aceitam um não, são os amigos que na verdade não são.
Mesmo sendo difícil deixar para trás, é preciso, guardamos na lembrança os momentos bons, esses, provavelmente serão ótimos colegas de copo, de balada, mas não conte com nada além disso.
Então, o que venho fazendo é o seguinte, guardando os bons amigos cada vez mais perto, deixando os que me aborrecem cada vez mais longe, afinal, pessoas novas conhecemos todos os dias, não é preciso colecionar amigos para ser feliz, é preciso sim, conservar os bons, os que valem a pena.

19.7.07


Algo mudou na essência do que antes era apenas casca, cresceu, amadureceu, é novo mesmo já sendo conhecido, ainda meio sem saber do amanhã, um passo por vez, um dia a cada novo dia, talvez seja, desta vez, o para sempre que achávamos ser da última, talvez não, mas desta vez com mais sinceridade, falando tudo no momento de ser dito. Com mais compreensão, mais carinho, talvez seja diferente da paixão que tanto me faz suspirar, mas é algo novo, e não sei onde vai dar.

Ainda sem saber exatamente como é, mas nunca sei mesmo, é um sentimento meio novo, como pisar num lugar seguro, terra firme ao invés de ar, mãos dadas caminhando, sorrindo e falando, novos assuntos, mesmo cheiro, sorrisos, diferentemente do que foi.

Ainda sem fechar as portas, com medo de me sentir presa, uma vez há muito tempo atrás, me parecem mil anos na verdade, me senti como numa gaiola sem portas ou trancas, e era bom, estava lá porque queria estar, mas cada sentimento é um, como me disseram, cada história é única, e provavelmente não me sentirei da mesma forma novamente, tudo é eterno na medida em que dura, são chamas, que apagamos ou não.

Estou tentando fazer reviver essa chama que jurei não mais acender, nunca diga nunca não é mesmo? Mas é assim, a vida nos coloca nos lugares mais inesperados, vou tentar remar conforma a maré desta vez, sem crises, sem tempestades, a tempestade que faz sou eu.

Não sei dos passos, não faço ideia do caminho, ainda no escuro, apenas vivendo, instantes, eternizados na memória, o que será, nem sei, nem quero, apenas indo, desta vez, caminhando.


16.7.07

LágrimasSorrisosETentação




E depois de tudo, um sorriso, doce, ingênuo, um sorriso, simples momento onde tudo é esquecido, um brincadeira, singela, por tão poucos entendida, nossa, e não é fácil, depois de tudo, acordar e lembrar-me de que sorri, simplesmente sorri, saber que depois de tudo, isso também o fez sorrir.


Neste momento me parece que a vida me mostra outros caminhos abre outras portas, prendo meus pés no chão, como explicar que depois de tudo, se pode voltar atrás, viver sem ter aquilo, acontece que a racionalidade não me entra, seria mais fácil entrar, aceitar o pedido, mas depois de tudo, da paixão, do corpo quente, seria morno, e tenho medo de voar novamente para longe e fazer outro coração sangrar.


E são curtas as linhas que me fazem sorrir, relembrar, brincar, provocar, satisfazendo um pouco, nem tanto, mas tem o outro, e as promessas são sinceras, verdadeiras, mas e tudo aquilo que move? A paixão, me disseram, com todas as letras que A paixão é fácil. Só quem a viveu com toda sua intensidade, sabe que não, pois quando a paixão se vai, acaba, parece que falta um pedaço.


Seria eu capaz de viver na calmaria do amor? Sem queimar, sem arder, sem braços, sem suor e vento, sem carne e beijos, braços e lágrimas, lábios e língua... O amor me parece seguro demais, como estacionar à sombra de um velho carvalho, não quero segurança, quero vento, vendavais e tempestades, trovoadas, sentidos plenos, olhos fechados diante do salto, abrindo ao cair, quero isso, coisas que me movam.


O amor é seguro demais, posso eu me acostumar? Perderia tudo o que sou, o que me move e faz viver. Será que sou eu quem confunde o que é o que, ou vagarei pela vida de paixão em paixão, fugindo como o diabo da cruz do amor, entendo eu o que é amor?


Não há como comparar são sentimentos tão distintos o que sinto neste momento, mas me prendo ao sorriso, algo precisa acontecer logo, tão logo seja tarde demais, que não saberei nem mais, como já não sei explicar.


Talvez nem um nem outro, algo novo, uma nova coisa, qualquer coisa, que me faça sentir, essa confusão de nomes e declarações, de opções e soluções. Deste momento em que tenho que escolher e não quero, a vida que me leve, me deixe viver momentos, não quero tomar mais decisões do que as que já tomo diariamente, ainda mais esta que pode ferir um outro ser.


Me prendo ao sorriso, as vezes acho que ainda acredito, as vezes ainda quero mais ver, braços, mas não devo, não sei, e foi no exato momento em que as flores já faleceram, algo brotou da terra, tão frágil, tão novo e tão conhecido. Das cinzas, uma pequena chama, e me parece consumir, mas pequena, ínfima perto de tudo que já queimou, que me afasta da calmaria, mas me afasta da calmaria.


Um Chinfrim um dia me disse: descobri que amo, eu não entendi, como se troca tudo o que foi, por algo tão calmo, sem fogo, hoje entendo menos ainda, pois chegou o meu momento de virar as costas para a paixão, e eu não sei se quero.


Algo desse ordinário ainda vive em mim, desses momentos intensos, que me fazer flutuar, trocaria o céu pelo chão? Andaria eu por caminhos comuns, perderia minha essência, que é voar.


Ainda confusa, entre o céu o mar...




14.7.07


Olhos abertos antes de adormecer, pensamentos, coração acelerando, acelerado, ouvindo apenas as pulsações, coisas deixadas para trás, por puro descaso de simplesmente não estar afim, tantas coisas que me esqueço diariamente, farei farei, farei, o quê, não quero, nem sei mais.

Afazeres diários que me cansam por não querer o cotidiano. O todo dia me cansa, sempre as mesmas coisas, rotinas que me prendem e coleiras visíveis, olheiras, olhos fecham, sono vêm, nada mais do que o mesmo de ontem, o mesmo papo, a mesma história, explicações que não quero dar, nem mais ferir, pois o é todos os dias quando digo não, não agora, não sei se depois...

Seria mais fácil dizer sim, voltar àquela velha rotina, apenas sorrir, fingir ser feliz? Não posso, negaria quem sou e seria eu a fechar as algemas de minha vida, pulso cortados, querendo fugir, os braços doendo, forçando um momento de partir, não seria eu se dissesse sim, nem em mim, morreria, tudo, tudo o que sou, não sei se o momento voltará, neste instantes, nesses dias, não acredito e nem quero pensar.

É bom, o reencontro, estar perto, nem tão perto, entende? É uma linha tênue entre dois mundos e não quero ultrapassar, mas acontece que a alma, bichinho engraçado, quer um pouco, mas nem tanto para abrir todas as portas novamente, então me prendo, digo não, e parece mentira e não sei explicar.

Porque é o querer fazer parte mas nem do todo, pois me parte, então confundo, confusa, sempre assim, e aí confundo, os olhos que buscam e vêem apenas o que querem ver, não ouvem as palavras que explicam mais que a alma, ao menos neste momento, onde tudo parece incerto e não sei nem quero responder mais a estas perguntas, nem mais falar nesse assunto, que me irrita, me enche, me deixa arredia.


CalarMe


Não, eu não precisava dizer, minha natureza escancarada o faz em silêncio, conta nos olhos, se o faço através de palavras é para meu puro deleite, me irrita ter de me explicar quando não quero, as palavras me saem um tanto atrapalhadas, engasgadas, ferindo e cortando, querendo sem querer, as vezes é necessário dizer muito mais de uma vez, o que me cansa, me tira do prumo e grito.

Mas existem pessoas que não nos pedem explicações, gosto dessas, das ironias sarcásticas de teus risos e sorrisos de lado, dos olhos com brilho de quem sabe entender, gosto dos jogos não ditos, e quando ditos tanto mais têm a esconder em suas sinceras verdades ditas entre olhos que mentem.

Esses jogos perigosos, de contos mal contados, bem vividos em mentes, corações, almas e sentidos, esses jogos não tem fim nem meio é só princípio, infinito em si mesmo, a corda estica, estanca, soa, fina, não rompe, puxamos, é um jogo, cada vez mais um pouco, não me canso, me intrigo, mistifico, desvendo e cada vez me perco mais.

Gosto, desse gosto proibido, não dito, é o perigo, o que mais me atrai, sem cheiro, mais disso, não é o mesmo, apenas o começo, mais uma vez, do mesmo lugar de onde partimos, brincando, mãos ao fogo, queima arde e quero mais.

Não fujas, nem finjas, gostas disso tanto quanto eu, o perigo, que sai do lugar comum, que convida para a vida, nem minha, nem sua, está aí, para ser vivida, são apenas lapsos, momentos em que se pode escapar, apostando fichas, sem ter como pagar.

Ficaremos em divida, mas há tempo, o tempo cobra, com juros, então joguemos, brincaremos com a vida, apostaremos com o fogo, deixaremos arder, mesmo em palavras, meras provocações que fazem apenas arder de longe o coração frio.

Fecho os olhos, me deixo sentir, suspiro, pescoço, lábios, suor e sangue, braços, mãos pernas, corpo e desejo, gosto, cheiro, tesão e paixão. Mas é pouco, quero mais, calaria-me, se fosse capaz, mas não seria eu, quero mais, olhos negariam?

Negariam? Diriam que não?Resistiriam? Os meus os ou seus?

12.7.07


A doçura de um momento roubado, um amor destonado, perguntas que não querem responder, instantes que não querem ceder, as dúvidas e são muitas, os olhares poucos para tanto tempo, o não saber mas ter certeza do amanhã, ou não.

Respostas vazias, sem o querer confirmar, pois do amanhã, nem meu destino pode confirmar, continuamos na corda bamba, sem pender para lá ou para cá, nos olhos apenas a certeza de um dia chegar do outro lado, que lado? É mesmo o que quero? Caminhando sem juízo, querendo encontrar um destino já perdido, nada aqui dentro, nem dor, nem sofrimento, talvez momentos de pura fantasia, cores escondidas, por trás de tanta purpurina.

Alguns momentos voltam, tão rápido quanto se foram, mas são apenas minúsculos instantes, sem fundamento algum, apenas não deixando esquecer o que já foi esquecido e perdido, mas existiram passagens, que não quiseram dissipar e por noites que me pareceram intermináveis, atormentaram meus sonhos e pesadelos, e lágrimas escorriam, nessas noites, pensava nunca mais poder encontrar, nada igual, hoje apenas a certeza de que embora nada possa comparar, outras ainda surgirão, talvez com mais ou menos intensidade, talvez com mais ou menos paixão.

Me pego de novo, envolvida em palavras que jurei não mais proclamar, envolta em pensamentos em lembranças em momentos...talvez, talvez ainda sinta algo, talvez ainda lembre, mas não quero, já morreram todas as flores, faleceram, de morte morrida, não matada, em seu próprio tempo, tempo, coisinha gozada, o tempo, correndo em seu próprio momento.

Um dia, tão logo me permita a vida, também irão as flores do meu próprio jardim, não deixando nem semente, apenas lembranças, nem doces, nem amargas, apenas lembranças, memórias sem gosto, sem cheiro nem cor.

Eu e meus devaneios, perdida no que ansiava em dizer no começo, me esqueci, já não têm importância, eram apenas palavras, que puxaram outras, dizendo coisas, fazendo lembrar, apenas lembranças, nada mais.

9.7.07


Cantar, berrar, descabelar, bem alto, rindo, com os melhores amigos, pagando mico, todos juntos, sem perder o ritmo, perdendo a voz, os sentidos, o prumo e o mito, bebendo comendo, sorrindo, sem neuras, sem escrúpulos, sem máscaras. Nós, apenas nós, sendo apenas o que sempre fomos, divertidos.

Até amanheceu e só parou quando os olhos fechavam, quando não se podia mais falar, não havia voz. Faria sempre, faria com vocês todos os dias, sendo assim, ainda teremos muitos outros, mais do que momentos, muito mais que instantes, uma vida.

Porque quando é assim, é para sempre. Obrigada meus amigos, meus amores, meus irmãos, por mais uma noite daquelas, onde o chão todo é jaca, e enfiamos os pés de salto e tudo.

Obrigada meus companheiros, por serem sempre o sempre fomos, muito mais do que amigos, muito mais divertidos, sempre.

6.7.07

Renascendo


Foi lá de cá, um dia, mais tarde, tão tarde que nem sabia mais, tão cedo que não se pode recusar, nem ao menos acreditar, um azul consumindo tudo, era o céu, envolvendo com a claridade do dia no brilho da noite. Um tanto atrapalhado, pela estranheza de todos os fatos, nem lá nem cá, tudo ao mesmo tempo, pensamentos, cabeça funciona, o corpo não obedece.

Era ou não? Instante, momentos, segundos, só cabeça, o resto não obedece, devia, ou não? O que é e não é, não importa, neste momento nada mais, descobertas, pessoais, ainda oscilando, entre cá e lá, mas firme, sabendo já é mais fácil, lembrando, o tempo inteiro, energia flui, transforma, renasce, brilha, mais de mim em mim, mais feliz.

Universo conspira, energia muda tudo ao redor, perto só de quem vale a pena, atraindo apenas energias boas, muda tudo, novos olhos, olhares, estranhezas que sempre agradam, tudo fluindo de forma tão nova e clara, nítido contorno.

Coração tomado, de coisas minhas, sem querer dividir, ainda completando de si mesmo tudo o que pode, transbordando, tanta coisa, sem medo, é a vida que se segue, se acha, encontra a si mesma no meio do caminho, que mais bela companhia, si e si mesmo, apenas os bons e velhos amigos de sempre.

Muita coisa pra fazer, ver, ouvir e sentir, sem pressa, caminhando junto com o tempo, em seu tempo, mais tempo, tanta vida ainda por vir, de tudo um pouco, tão certa quanto o ar, passando, ventando e voando, apenas indo, comigo.

5.7.07

Respostas




Me lembrei, não sei se foi algo que vi, um estalo, é por isso, estou parada porque quero, porque precisava me lembrar, do quanto sou muito mais eu do que alguém, que a paixão é minha, é algo interno, parte de mim e não depende do outro, precisava desse tempo para me lembrar, tinha esquecido, que louca, achei o sorriso, estava dentro do coração.


Foi um tempo difícil, pois achei que depois de tudo que passou, eu precisava de alguém que fizesse toda aquela loucura, aqueles instantes, aquele furor e paixão, achei que alguém tinha que trazer de volta, esqueci que tudo aquilo sou eu, pura e simples, eu sou paixão, e óbvio que sou movida por ela, afinal, sendo eu dona de minha própria vida e movida por paixão, sou eu a própria paixão, o vento que sopra em meu rosto, sou eu quem faz ventar, são minhas as asas para voar.


Falei tantas coisas sobre caminhar junto, sobre paixão, sobre estar sozinha, e agora me pego na minha própria mentira, querendo me enganar, não preciso de nada além de mim, e quando me descobrir por completo, pois ainda não me sei de todo, então, as coisas acontecerão, se eu quiser, se eu achar que agora está bem caminhar com alguém.


As vezes eu esqueço um pouco de mim, nesses momentos é que vêm a melancolia, não é o estar sozinha, é o estar sem mim, sim, é ser a casca vazia de toda vida que me faz cheia e completa, tão cega, era só olhar no espelho, e eu tentei me avisar e mais um vez fechei os olhos.


Um estalo, algo, não sei, um brilho, meu brilho, pode parecer arrogante, não me importo, sou eu sorrindo, meus olhos, brilhando, que falta de mim dançando, cantando, que boba, procurando uma paixão que estava aqui o tempo todo, mas foi bom, é como chorar, para depois sorrir, pois só quando choramos damos valor ao sorriso, não foi isso que disse Victor Hugo?


Me perdi, para agora me encontrar, mais bela, mais forte e confiante do que antes, mais madura um pouco também, nova, querendo o mundo, cheia de vida e sangue circulando, não estou cabendo em mim, explodindo. Soltei as rédeas, correndo, dona do meu próprio destino, enfim, saudade, de mim, era eu que estava procurando, eu estava aqui o tempo todo.

BiscoitoDaSorte


Quem diria que a sorte encontrada dentro de um biscoite feito de uma fina massa de açúcar poderia me fazer pensar? "Você é o mestre de sua própria vida." Sim, sou e sabendo disso, ainda consigo rir das pequenas previsões que a vida me traz, não, não vidente, apenas conheço alguns olhos e o que estes buscam, soube naquele instante, que um novo jogo estava começando, tão óbvio quanto dois e dois são quatro, embora existam contestações a respeito, o mistério também me faria ir, traria consigo esperanças, então compreendo e já sabia o que esperar.

Não levo a mal, faria o mesmo, sem pestanejar, correria, buscaria, até desvendar e quem sabe a paixão estaria ali escondida.

Na verdade acho que fico escrevendo escrevendo escrevendo, porque têm uma coisa aqui dentro assustando, apavorando e não sei bem se quero desvendar esse mistério e o que fazer exatamente com ele. Porque, se for mesmo, não sei o que fazer, não sei se quero passar por tudo isso novamente, mas também, como passar pelo resto disso tudo sozinha, acho que é só pânico, não existe um motivo para não ser, fico tentando relembrar qualquer momento onde a coisa possa ter estourado ou falhado ou não sei e nada me ocorre pois não existe um porquê, não tem como.

Mesmo assim me falta coragem, quanto mais esperar pior é, mas também, ah não sei, preciso sair da toca, logo, agora, uma cerveja, vinte e cinco mais, esquecer de mim um pouco, rir, espairecer, falar, um amigo, é tudo o que quero, mas é só um, específico, que me faz rir, sempre fez, só isso, mas também, não quero ligar, loucura isso, acho que, nem eu me entendo.

Essa mania de me isolar, querer ligar e não fazê-lo, sou só eu? Não quero chorar, nem vontade de lágrimas, acho que é de sorrisos, de rir, é me falta um sorriso, ta meio perdido por aí, não sei onde guardei, deve estar num lugar tão óbvio, já procurei nos cantinhos, em baixo do sofá, atrás da cama, até na despensa, mas lá, só os não perecíveis, droga.

Sim, sou dona de meu próprio destino, destino é vida, é caminho, é mais que tudo, até a morte, mas quero perder um pouco das rédeas de tudo isso, deixar rolar, acontecer, sempre deu certo, e neste momento, não consigo soltar, me prendo, me agarro ao grande cavalo negro, ele empina quer ir, seguro, não deixo, o vento sopra, nuvens se formam, estou parada, não quero ficar, sem coragem de ir, para onde? Não sei mais para onde quero ir, estou perdida, admito. Me arrumo, me pinto, na porta, pronta, não vou, os pés não deixam, colados ao chão da cozinha escura, elevador abre as portas, eu volto, tranco a porta, ligo a tv, dou play, me esqueço, duas horas, e volto, mais um outro, qualquer um, não importa, é só sumir de mim, tirar férias, não ser.

Me lembro, sei quem sou, os olhos, meus olhos, me encaram, questionam, não crêem, não há resposta, a boca abre, não tenho palavras, se foram, casca vazia, sem saber de quê encher, as mãos buscam palavras, imagens, nada, nada acalma ou faz sentido, me sinto buscando algo que nem sei se perdi, nem sei o que é, uma busca sem futuro, afinal como encontrar o que não se sabe que está buscando?

Vejo alguns rostos que já conheço, fecho os olhos, não quero ver, pra não lembrar, não sei se é de coisa nova, não sei de mais nada, e quanto mais eu busco, mais pareço me perder nesse labirinto que eu mesma criei.

Quero me lembrar de coisas que não conheci, sentir novamente as coisas que nunca senti na vida, reviver momentos nunca antes vividos, estranho dizer isto? Creio que vindo de mim, não, não é estranho, na verdade seria estranho se eu não dissesse essas palavras, quero algo novo todos os dias, quero me sentir nova a cada manhã, a rotina me cansa, me mata, consome, tritura, envenena, não é de mim entende?

Algumas rotinas me cabem, não me são estranhas, como entrar numa sala de aula todos os dias, ver os sorrisos, as piadas, as brigas, as travessuras que me deixam doida, entrar na sala, ligar o som, olhar nos olhos dos pequenos e dizer, ok, vamos lá, não, essa rotina não me atordoa, pelo contrário, me foca, me estrutura. É um momento na vida em que me centro, mais ou menos, afinal, não me considero mesmo muito tradicional em minhas aulas, mas acho que no espaço artístico, posso me dar a este pequeno luxo não é mesmo?

Enfim, voltando ao assunto, rotina, a rotina de fora não me cabe, não entre, não combina, nem encaixa, quero mais da vida, muito muito mais, acho que consigo, na medida do possível conviver com uma certa rotina, mais ou menos sem surtar, mas acho que vou acabar entrando em colapso se algo não me fizer tremer em breve.

Dá uma certa depressão, até que é gostoso, ficar em casa vendo filmes, eu sorrio, choro com finais melosos, e pequenas declarações de amor, pessoas andando de mãos dadas, beijos roubados, paixões que dão tudo errado para depois dar tudo certo, sim, as malditas comédias românticas, confesso, as adoro, tanto, que algumas já vi bem mais de três vezes, gosto porque fala de paixões impossíveis, pequenos contos de fada que parecem inacreditáveis, mas garanto, meu querido leitor, eles existem sim, é possível e é real. Mas em minha defesa, antes de continuar com minha tese sobre filmes melosos, amores possíveis (sim, é nome de filme), choro, rotina, calmaria e paixão, quero dizer que assisto também outros tipos mais refinados de cinema, de uma beleza sutil, que falam de mil outras coisas, principalmente a dura vida real, esses me fazem pensar um pouco mais e sonhar um pouco menos, então, definitivamente, não servem para esses momentos onde quero mais uma vez acreditar em paixão.

Voltando, mais uma vez de outro devaneio, e acredite, tenho muitos, paixão, ah, a paixão, essa coisa que começa num friozinho na barriga e vai crescendo e tomando conta, é a boca que seca, os lábios adormecem e parece que um abraço não cabe em si, é o querer entrar dentro do outro, de tão perto que se quer estar, olhar nos olhos e saber o que há lá dentro, mas veja bem, não é querer ser parte do outro ou achar que encontrou uma outra metade, pois acredito que somos já completos, o outro é apenas alguém para caminhar, lado a lado, enquanto tiver que durar, é o rir junto, chorar, berrar, gritar, quebrar copos, chorar, abraçar, fazer as pazes, ah a paixão, essa palavrinha tão pequena que me move, sim, me move, me alimenta, me toma, me leva, quero mais.

Acontece que em mais um momento ambíguo de minha vida, quero paixão, mas ao mesmo tempo, me dá uma certa preguiça de sair por aí olhando para os lados, vendo gente estranha, a grande verdade é que embora queira essa paixão, quero também que ela bata à minha porta, me dê um grande tapa na cara e diga, olha, estou aqui, não quero mais ter que procurar, sei que está por aqui, em algum lugar ao alcance das mãos, mas também não sei se pretendo esticar meu braço e tocá-la.

Acho que é isso, um tanto cansada dessa busca pelo que me alimenta, sei que eventualmente isso passa, e sairei da toca novamente, neste momento, não quero, embora queira, as vezes o telefone toca, eu atendo, mas sei que não sairei, saí esses dias, apenas para cumprir pequenas obrigações diárias, voltava para casa, correndo, tão rápido quanto podia, logo mais estarei longe, férias merecidas, naquele lugar só meu onde sempre me refugiei, alguns talvez saibam de onde falo, para os que não sabem, desculpem-me, não contarei, talvez atenda alguns telefonemas, procure algum lugar onde postar, talvez não.

Como a fênix, acho que algumas vezes preciso renascer, para isso, creio ser preciso estar só, pensar, criar, chorar, beber, dormir, talvez algo aconteça, tenho que contar um segredo, receberia alguém para um jantar, um bom vinho, música e água, lua e estrela, mas não contarei que sim, não convidarei ou talvez até convide entre linhas, ou não também, pois se bem me conheço e convidasse, acabaria esperando e não quero mais esperar por ninguém, já é tarde, e preciso me recolher.

Tem uma música, linda que diz assim, me dê uma razão para ficar aqui e eu darei meia-volta, talvez a tradução esteja um tanto esdrúxula, mas é da Tracy Chapman, chama Give Me One Reason, já devo ter ouvido um milhão de vezes, algumas chorando, outras sorrindo e mais um tanto cantando tão alto que nem podia ouvir. Mas acho que fala um pouco disso, de estar cansada, tão cansada de tudo, que se vai embora, mas uma razão, um pequeno motivo, pode me fazer voltar, ficar.

Mas neste momento só quero ir.

4.7.07


Silêncio, calmaria, nem nada a dizer, cabeça anda meio vazia demais da conta, coração ainda pulsa, seu eco faz vibrar o corpo leve, sem mais movimentos, inerte, sonhando com um filme todo em branco, cabeça encostada, sono, olhos fechando, bocejos, nada, sem sentir nada, estranho.

Sem saudade, nem falta nem tem, é essa a paz de que as pessoas falam? Não estou triste, nem feliz, só assim, meio sem nada, não sei se gosto ou desgosto, é novo, acho que talvez um incomodo, é, pode ser isso, não quero gritar, nem sussurrar palavras, acho que falta um pouco de paixão, de tempestade e tormenta, ondas batendo, vento soprando, fazendo tudo ao redor voar, mas o céu hoje acordou claro, tons amarelados, não venta, mas faz frio, não ligo, não me importo, meio inerte mesmo, como flutuando e mar aberto, sem ondas, sem peixes, apenas o som da respiração, ar dentro, ar fora, mais nada, silêncio.

Aumento o volume do rádio, está abafado, ou sou eu? Vozes ao longe, nem me esforço para ouvir melhor, vou seguindo sem pressa, o dia demora a passar, nada para fazer, nem filmes, mas filmes me fazem sorrir ainda, acendem algo dentro, mas acaba, tão logo subam os letreiros, falta uma luz, talvez, ou não, nem sei.

É como estar e não estar ao mesmo tempo, fazer parte sem prestar atenção, meio zumbi, nada parece se mover também, nem vontade, em câmera lenta, rodando rodando, tão lento que nem me sinto tonta.

Parece que está tudo atrasado mas também sem pressa de chegar, falta algo que me faça querer mover, não quero procurar também, aí fico, aqui parada neste lugar que não sei onde é, olhando para os lados, sem vontade de nada, respiro fundo, olho em volta, inúmeros caminhos, nada que me faça querer correr.

3.7.07


Momentos com gosto conhecido, no entanto tão novos quanto a brisa que bate em meu rosto, são novas chances que nos demos, e que talvez dessa vez, só neste momento algo aconteça, naquele momento, sim fiz uma escolha, mas por acreditar que era preciso, que era necessário naquele momento colocar a casa em ordem, para deixar que algo novo aconteça, fechar uma porta e abrir essa janela, não me importa se serão apenas alguns momentos, ou não, estou gostando disso, entre linhas, falando sem dizer.

Algumas vezes, leio coisas e acredito que possa haver algo nelas para mim, bobagem não? nem tanto, leio mesmo assim e interpreto da maneira que me cabe interpretar, não importa que não sejam, mesmo se forem, não são nas coisas lidas, são as palavras, foi a atitude, quero mais disso, o que for necessário, o tempo que for preciso...enquanto durar esse infinito.

Perceba que entre as linhas e vírgulas do que digo, não me importo com o tempo, nem se for durar, que seja apenas um passeio sob a lua, de mãos dadas, em silêncio, me basta, não tenho mais pressa, é o calor dos momentos divididos que estou alimentando, se tiver que ser fogo, que incendeie, mas não importa, pois se não for, mesmo assim vale cada momento.

Vou gostar de continuar te pedindo opiniões e fazendo tudo ao contrário, de ver como você sorri quando faço isso, de ver que você entende quando tomo a decisão certa mesmo que o coração fique apertado com vontade de estar com você, ainda quero, nem que seja por pouco tempo, e fico feliz.

Não sei tudo que quero dizer, nem sei também se tenho muito a dizer, estou calma, e isso pra mim é muito estranho, muito novo, e está tudo bem, seja como for.


Instantes


Foi um milésimo de segundo, um instante, entre tantos outros, deveria voltar? Voltar a ser quem fui em outro momento, será que seria mesmo preciso?

Errado, errado, tão errado que até dói, mas tão bom, e pensei, esqueci e pensei novamente, esqueci, estou pensando agora, na verdade, não estou pensando, sentindo talvez? Espero que não, realmente, não, é errado, tão errado, instintivo? Por que não lá atrás? Agora, não mais, embora, não, não posso, não devo e não vou, mas sim, quero, lá no fundo, nem tão fundo, merda, não, não por quem seria, não por quem estaria envolvido, merda, mas sim, penso, sinto, quero, um pouco, nem tão grande assim que a razão não apague, não neblina, mas sim, faria, nem por tanto tempo assim, pois não seria, não me passa algo que seja eterno, nem o quanto dure, talvez o erro, da imagem, do pensamento, de tudo, são momentos, errados, não estou lá, já fui, era, não mais, vou correr, ou não, sim, vou, longe, não posso, não faria, por tudo, pela amizade, mas quero, mas não, não dá, é muito forte, qual?

Ambos, desejo, apenas, apenas isso, um desejo, são tantos, esse passará, como tantos outros, natural, faz parte, instintivo? Falamos sobre isso, e pensando nisso, o que seria realmente correto nesta vida?

O que fazer, não é? Errado, certo, entraria de penetra nesta festa que não me pertence, que não me cabe nem comporta, já foi esta fase, embora algo ainda me chame, não é mais do que já foi, agora percebo, e mais do que ego, menos que desejo, é apenas o olhar, algo novo que penetra, entra, modifica, ainda mais depois de saber que, deixa, não quero, não vou, não faria, não...

Mas que fique algo, de bom, um gosto do que não foi, nem será, foi-se o tempo, passado, não volta, talvez, os ses novamente, não existem, e quem sabe mais mil coisas, mas não disso, outras passadas disso, de novas, confusa, mas certa, do que deve e não...

30.6.07


Tudo torto, errado, estranho, nem sei explicar como foi, mas quero e acho que fiz errado, e aí sumiu, e não era assim que deveria ter sido, mas o outro lado foi importante, conversamos, jogamos limpo, dissemos todas as verdades, embora opostas, cada uma com sua própria razão, e tinha momentos em que o coração estava longe, outros mais perto, meio perdida mesmo, sempre foi assim mesmo, não deveria nem ter entrado, ou deveria? Os "se" da vida, vida maluca, uma verdadeira piada, tragicomédia grega, ahhhhhhhhhhhhh. Mas não tem como não rir também, afinal se não fosse engraçado, não seria comigo, vai ser mais ainda quando eu falar em voz alta, gargalhando, muito café e cigarro até compreender tudo o que aconteceu.

Mas não queria ter ficado sem minha luz, estava ali por ela, com ela, e acho que fiz errado, mesmo não sendo tão errado assim e acho que vai entender, afinal, somos parecidos nesse sentido, não sei se compreenderia em seu lugar, acho que sim. Afinal, sempre devemos jogar limpo, mas cumpri o que prometi, fiel aos meus próprios sentimentos, naquele momento, e uma só boca foi beijada nesta noite de tantos encontros e desencontros, não faria de outra forma, ou até faria, mas a coisa desandou, quer dizer, não tanto assim, andou num outro sentido, meio invertido, mas é assim mesmo, nunca vou com a maré, e ainda não digeri tudo, ainda não faz tanto sentido assim eu acho.

E nesta manhã falei muitas verdades sinceras que talvez tenham feito sangrar um coração, mas não poderia mentir, omitir, esconder qualquer fato, e ainda não sei o que vai ser daqui por diante, nem quero, um dia de cada vez, um momento por vez.

Não quero prever, não quero prometer nada, ainda não tô achando muita graça, meio anestesiada, foi muita coisa, mais de 24 horas ligada, muita informação, caminhos cruzados, três, estranho, os olhos não querem fechar ainda, será que estou dormindo, alguém me avisa, ouvi dizer que o sinônimo do meu nome é vida, concordo, vivendo, fazendo como for, metendo os pés pelas mãos, intensidade, pressa, paixão por movimento, não quero parar ainda.

Não tá dando certo agora, ainda não faz muito sentido, então vamos lá, ainda não posso olhar para trás e acreditar, não sei se um dia poderei, porque aconteceu muita coisa, não tenho mais as certezas que tinha naquela época, então, não posso prometer e disse que nem vou pensar e não vou mesmo, vai ser como tudo, se um dia vier o impulso, não veio, era outro, e queria ontem poder estar em dois lugares ao mesmo tempo, dentro e fora, mas optei mesmo sem saber estar optando, não pensei, nunca penso na hora mesmo, mas foi bom, quase tudo foi dito, não lembro de tudo, horas falando falando falando, ainda não compreendi tudo o que eu disse e fiz, mas sei que fui sincera e isso é bom, não apenas comigo, mas com tudo.

mais madura eu acho, antes não teria me importado, mas agora faz diferença, pois não quero magoar, então acho que estou pensando um pouco e mesmo assim sendo sincera com o que sinto, nunca tinha feito isso antes, nunca aconteceu do racional e emocional funcionarem ao mesmo tempo, sensação boa, meio completa.

É, ainda não tudo, mas já é um começo.

29.6.07

SonhosEVerdades


Elevador, escadas, surpresa, surpreendida, amigos, correr, esconder, lágrimas, descer, parar, olhar, não crêr, um presente, 1,99, pensando, escuro, conheço, já disso, textos trocados, continuados, apagados, modificados, incerteza. Falávamos do tempo, não me lembro, uma música, mudei o final, nada do que foi, acho que era assim, de novo do jeito que já foi um dia, isso, um oceano, cheio de lembranças, será que ainda será? Dois do mesmo, no mesmo dia, portas fechadas, ou apenas encostadas? Não há como saber, só o tempo. Procuro saber? Não sei se quero, a surpresa pode ser boa, gosto de ser surpreendida, da maneira que for, é o aperto fininho que dá no coração do não saber.


Ainda quero, um pouco mais dessas pequenas coisas, quero muito mais de tudo um pouco, nem tudo, nem tão pouco. Dias corridos, muita coisa pra fazer, não dá pra dormir, adoro, assim, sonho acordada, coisas que ainda virão, de umas já sei, tantas outras, nem quero, ainda vou fugir, passar um tempo só, no meio do mato, escondida, no sol, na água, recarregando energias, pensando na vida, sentar no meio da estrada, ver o carro de boi passar, com a leveza de uma brisa, sem pressa, sem brigas.


Ainda meio bagunçada, um gosto na boca, salivando, esperando sentir, eu vou, é o que quero, ainda quero, antes que não tenha mais graça, esse prazer ainda quero sentir, já está acabando o tempo que tenho, mas virá, pelo simples fato de que quero que venha, nem tão poderosa assim, tenho apenas essa minha certeza de que quero, preciso ver isso de perto, é doce, tão doce que chega a enjoar, mas quero, me lambuzar desse sentimento ruim que nesse momento é tudo para mim.


E então seguirei, sem mais me importar, pois aí sim, terá sido justo, correto, exato, preciso, mas não só por isso, mas porque o outro lado é bom demais, e dessa vez sem pensar no daqui a pouco, nem no amanhã, apenas o mel dos olhos, adoçando um pouco a vida, quero sim, quero mesmo, escuro, música alta, uma caixa fechada, surpresas.


Cores, todas? Não sei, não lembro mais, um frio gostoso que entra pela janela, desperta, acorda, um novo dia, mais vida, mais um dia, tantos outros, sem pressa. Pensamentos novos, de uma vida já vivida, pondo tudo para fora, arrumando a casa, o novo não se demora a chegar, tudo têm de estar em seu devido lugar, para poder bagunçar de novo.


Voando, revirando, chamando, gritando, apenas o de sempre, dessa vez sem pressa, na hora que chega, esqueço de tudo, corro, fujo, sinto, acredito, mais instantes para guardar, não existe mais espaço, dou um jeito, entulho, enterro, não importa, sempre cabe, mesmo não fazendo parte, sempre há espaço, para mais passos.


28.6.07

Descobrir


Preciso de um tempo, descobrir novos rumos, procurar novos objetivos, rever minha prática, repensar um pouco quem sou, agora, tudo meio novo, decisões, adiadas por tanto tempo, estava um tanto alheia creio eu. É um constante questionar do dia-a-dia, será que está ajudando, acho que perdi um pouco das minhas crenças, recomeçar tudo de novo, isso é preciso, todos os dias, questionar o que se faz.



Ainda entendo a arte da mesma maneira que entendia lá atrás, me questiono se tenho feito um tanto disso diariamente, não comigo, mas com os pequenos, percebi o sorriso, quando tudo era mais leve, quando eu não me preocupava tanto com o tem que ser, ainda estou aprendendo muito, ainda é tudo muito novo, mas é isso, é isso que quero, mas quero mais disso, encontrar novas saídas, onde procurar?



O que realmente faz a diferença? Se sempre bati o pé pela individualidade, como posso hoje tratar como se fossem todos iguais? Me incomoda o fato de não ter tempo para cada um, então preciso encontrar uma coisa que leve todos a caminhar, a pensar em si, mas como se me preocupa também o ter que ter algo concreto, penso que os resultados são mais subjetivos do que isso, é tão pessoal para cada um.



Gostaria de me sentar com cada um deles, fazer um planejamento diferente, pequenas oficinas dentro de uma só, será que dou conta? Se me preocupa a tinta na parede, nos bancos e no chão, tantas pequenas burocracias diárias que acho que acabo perdendo um pouco da prática.



Preciso de um novo plano, encontrar uma nova eu para eles, me questiono todos os dias, estou certa? Não quero ser a professora que não pensa neles, quero ser a que pensa neles todos os dias, acho que preciso desse tempo que está chegando, chega hoje, para pensar, voltar nova, focada, neles.



Entenda, que as crianças são meu maior motivo, me fazem nova todos os dias, mas sinto que ultimamente deixei elas um tanto de lado e pensei só em mim, e é tão difícil admitir que acho que errei com eles, mas espero que ainda dê tempo, de fazer tudo novo, e de finalizar o ano com meus pequenos sorrindo, é o que quero, para eles e para mim, o sorriso deles me move, me alimenta.



Deveria olhar para as fichas? Buscar diagnósticos? Não acredito, não é o diagnóstico que traz as respostas, são os olhos, os sorrisos, as mãos sujas, é isso, é nisso, pensar em cada um, relatar cada um procurando neles a solução!



Eu errei, bem a tempo de descobrir e mudar, e percebo que errar faz parte, sempre fez e defendi isso, o erro nos faz pensar pra frente, mudar o ponto de vista, buscar novos caminhos para acertar, mais leve agora, mais contente, por saber que sempre posso, me achar entre os erros.

27.6.07


Necessidade de escrever, sem saber o quê, sem motivos, ou títulos, ou lembranças, apenas escrever, as vezes é assim, talvez no meio do texto encontre o motivo das palavras, um pouco sem nada creio eu, acho que o coração tá meio apertado, medos vazios, sem o ter que ter realmente, afinal, não seria possível mesmo, acho que é um pouco do Adeus, acenando os braços, por isso a angústia, o querer viver novos momentos, não se vive do que já se foi, apenas o é, faz parte, intrínseco dentro do ser.

Palavras já estão clareando, entrando, fazendo entender, entrando na pele, já faz parte, as agulhas curaram um tanto da dor, agora já cicatrizando, agora as palavras penetram na pele e se fazem compreender, não por ninguém em especial, foram momentos que me fizeram entender novas coisas, a respeito de mil outras da vida, não apenas do coração.

Como me fazer entender de forma mais clara? Cada momento de reflexão sobre o que já foi me mostra que os momentos, todos, cada um deles, foi, infinito em sua própria beleza e sentimentos e sensações, que devem ser guardados, foram sempre o que deveriam ter sido, certos ou errados, a eternidade, é isso que fica, sempre, sem remorsos.

E é preciso não parar nunca, nada espera, o relógio não pára, é precisos alimentar com novas coisas, regar novos sentimentos todos os dias, não deixar nada morrer, e não importa se ainda estará lá ao amanhecer, ficou o que já se foi, e novas coisas ainda virão todos os dias.

Correndo contra o vento sempre, revirando olhos, sorrindo, esquecendo da etiqueta, das boas maneiras, falando alto, dançando sem ninguém olhar, que venham os novos e os velhos momentos, há tempo para tudo menos para ficar parada.

Não importa mais se sozinha ou acompanhada, importa o que sinto, e como isso toma conta do corpo, precisei descansar, deixar o corpo inerte por um dia inteiro, acordar para perceber, é como um cavalo selvagem guardado na garagem, precise ser livre, correr por qualquer lugar, saltar pelos carros parados no farol, tenho pressa, não posso mais parar, acompanhe de puder ou quiser.

Não existem planos para o amanhã, ele chega, se tiver de chegar, ele volta se tiver de voltar, mas existem poréns, sempre existem, tudo é só, se eu quiser, como quiser, da maneira que eu quiser. Agora peguei as rédeas com as mãos nuas, o coura arde entre os dedos e seguro cada vez mais forte, agarrando cada instante, sentindo com intensidade das águas geladas.

Indo, indo, cada vez mais longe, mais perto de onde quero estar, não existe um limite cada vez mais alto, rindo, indo, indo, rindo, indo, alternadamente ao mesmo tempo.

Parece confuso? Não importa é assim que é a vida, e é deitada na cama, que tudo encontra o seu lugar, sem que seja preciso pensar muito, as coisas se encaixam.

Não esperarei mais a vida, ela já está aqui.

26.6.07

InvertidoInvertendo


Passo os olhos nas notícias, em cada esquina, em cada canto, nada mais certo no mundo, valores perdidos, crianças roubadas, jovens bandidos, adultos coniventes, antes tivesse falando de pessoas sem condição alguma de discernimento, falo de pessoas com todas as condições de vida que a vida permite, estudo, casa, família, conforto, comida... matando, roubando, espancando.

Também não falo da periferia, aqui, nos jardins, bairro alto padrão, luxo total, esfaqueamento na esquina, sangue, sem motivo, sem vergonha, correria, gritaria...

A vida se tornou artigo de luxo, guardem suas vidas no cofre, mandem para uma conta na Suíça, nosso bem mais precioso, e mais frágil também, quanto custa a sua vida? Quanto tempo leva um sujeito para roubá-la de você?

Alguns pensamentos me deixam aflita, é saber que cada um de nós têm em suas mãos, braços, pernas, cabeça e coração o poder de tirar uma vida, já lhe ocorreu isso hoje? Falamos de assassinatos com tal naturalidade, que parece algo banal.

O que é uma vida? O que é tirar uma vida? Carregar em suas mãos o sangue e alma de um sujeito, seja ele quem for.

Me vêm agora na memória imagens de jornais antigos, quantas pessoas morreram nos últimos anos de forma brutal, nos esquecemos delas, pois diariamente abrimos os jornais para mais imagens, mais corpos dilacerados, espancados, furados, esfaqueados...tantas atrocidades que fazem parte do nosso dia-a-dia, como o pingado na padaria da esquina.

Estamos mesmo nesse caminho? Nos tornaremos essas pessoas frias que jantam vendo no Jornal Nacional as notícias de obituários? Quantos mortos todos os dias mais serão precisos para que algo mude dentro de nós? Como se muda esse quadro?

Tenho um milhão de perguntas e nenhuma resposta, um coração cheio de culpa por não saber o que fazer para mudar, onde começa a loucura e termina a sanidade? Somos todos seres humanos tão cheios de ódio e repulsa que nossa nova terapia é matar?

Penso no absurdo de tirar um vida, sim, me causa asco, ânsia, angústia, medo. Não acho palavras para exprimir minha careta, a respiração me parece falhar um pouco e na garganta tenho um nó, quero encontrar uma resposta, ou algo que pelo menos me dê certa esperança em mudar.

Qualquer coisa, isso tudo já foi dito por inúmeras pessoas, o que fazer, como mudar, estamos voltando à Idade da Pedra, não, nem lá, quando ainda éramos quase animais matávamos dessa forma, é desumano, irracional, acho que é isso, estamos nos tornando uma nova raça, Homo Ab Irato, seria este o latim correto da coisa? Não importa, se esta é a evolução do homem moderno, quero ser arcaica.