21.12.07


Um pássaro preso numa gaiola de portas abertas, asas querendo bater, medo de voar, medo de voltar.

As águas do rio apressado chamam, querendo bailar...liberdade, vento, incerteza ... solidão?

É o som do samba ao longe, doce encanto, desejo ... cheiro de suor, de noites em claro, coração acelerando ao barulho do surdo, quase parando e retornando.

É o não-significado de tudo isso, palavras indo e vindo, sem cheiro ou gosto, apenas palavras, daquelas que nada querem significar além da própria razão, razão?

Não, não existe razão em nada disso, é mais que instante, quero mais que um momento.

São as canções dos bares, nos becos, é a voz ainda rouca, parecem ecos dentro do peito, aflito.

Talvez, num outro momento, belo pássaro entristecido, teria apenas partido, ido, sem nada que o prendesse em lugar algum.

Pobre pássaro ferido, mais uma vez o desejo de voar, esse medo bandido, infinito de mais uma vez ter de despedir-se do som.

O caminho lhe parece o mesmo, mudaram apenas os termos, nunca o sentimento que outrora não foi esquecido, apenas guardado, entre outros retalhos de belas desilusões.

Embora as asas ainda permitam o vôo, basta o verbo, imperativo, venha, voe, fique.

Bastam palavras simples, como bastaram num outro momento de total entrega que mais um vez incompreendido pássaro, foi.

Bichinho ferido, bendito, maldito, mais uma vez busca o sorriso, no meio da multidão, entre o sim e o não, querendo cantar.

Lhe falta a melodia, a letra, os música, lhe falta tudo, pássaro vendido, só não lhe falta o desejo.

Só espera o tempo, o verbo...

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