5.7.07

BiscoitoDaSorte


Quem diria que a sorte encontrada dentro de um biscoite feito de uma fina massa de açúcar poderia me fazer pensar? "Você é o mestre de sua própria vida." Sim, sou e sabendo disso, ainda consigo rir das pequenas previsões que a vida me traz, não, não vidente, apenas conheço alguns olhos e o que estes buscam, soube naquele instante, que um novo jogo estava começando, tão óbvio quanto dois e dois são quatro, embora existam contestações a respeito, o mistério também me faria ir, traria consigo esperanças, então compreendo e já sabia o que esperar.

Não levo a mal, faria o mesmo, sem pestanejar, correria, buscaria, até desvendar e quem sabe a paixão estaria ali escondida.

Na verdade acho que fico escrevendo escrevendo escrevendo, porque têm uma coisa aqui dentro assustando, apavorando e não sei bem se quero desvendar esse mistério e o que fazer exatamente com ele. Porque, se for mesmo, não sei o que fazer, não sei se quero passar por tudo isso novamente, mas também, como passar pelo resto disso tudo sozinha, acho que é só pânico, não existe um motivo para não ser, fico tentando relembrar qualquer momento onde a coisa possa ter estourado ou falhado ou não sei e nada me ocorre pois não existe um porquê, não tem como.

Mesmo assim me falta coragem, quanto mais esperar pior é, mas também, ah não sei, preciso sair da toca, logo, agora, uma cerveja, vinte e cinco mais, esquecer de mim um pouco, rir, espairecer, falar, um amigo, é tudo o que quero, mas é só um, específico, que me faz rir, sempre fez, só isso, mas também, não quero ligar, loucura isso, acho que, nem eu me entendo.

Essa mania de me isolar, querer ligar e não fazê-lo, sou só eu? Não quero chorar, nem vontade de lágrimas, acho que é de sorrisos, de rir, é me falta um sorriso, ta meio perdido por aí, não sei onde guardei, deve estar num lugar tão óbvio, já procurei nos cantinhos, em baixo do sofá, atrás da cama, até na despensa, mas lá, só os não perecíveis, droga.

Sim, sou dona de meu próprio destino, destino é vida, é caminho, é mais que tudo, até a morte, mas quero perder um pouco das rédeas de tudo isso, deixar rolar, acontecer, sempre deu certo, e neste momento, não consigo soltar, me prendo, me agarro ao grande cavalo negro, ele empina quer ir, seguro, não deixo, o vento sopra, nuvens se formam, estou parada, não quero ficar, sem coragem de ir, para onde? Não sei mais para onde quero ir, estou perdida, admito. Me arrumo, me pinto, na porta, pronta, não vou, os pés não deixam, colados ao chão da cozinha escura, elevador abre as portas, eu volto, tranco a porta, ligo a tv, dou play, me esqueço, duas horas, e volto, mais um outro, qualquer um, não importa, é só sumir de mim, tirar férias, não ser.

Me lembro, sei quem sou, os olhos, meus olhos, me encaram, questionam, não crêem, não há resposta, a boca abre, não tenho palavras, se foram, casca vazia, sem saber de quê encher, as mãos buscam palavras, imagens, nada, nada acalma ou faz sentido, me sinto buscando algo que nem sei se perdi, nem sei o que é, uma busca sem futuro, afinal como encontrar o que não se sabe que está buscando?

Vejo alguns rostos que já conheço, fecho os olhos, não quero ver, pra não lembrar, não sei se é de coisa nova, não sei de mais nada, e quanto mais eu busco, mais pareço me perder nesse labirinto que eu mesma criei.

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