26.6.07

InvertidoInvertendo


Passo os olhos nas notícias, em cada esquina, em cada canto, nada mais certo no mundo, valores perdidos, crianças roubadas, jovens bandidos, adultos coniventes, antes tivesse falando de pessoas sem condição alguma de discernimento, falo de pessoas com todas as condições de vida que a vida permite, estudo, casa, família, conforto, comida... matando, roubando, espancando.

Também não falo da periferia, aqui, nos jardins, bairro alto padrão, luxo total, esfaqueamento na esquina, sangue, sem motivo, sem vergonha, correria, gritaria...

A vida se tornou artigo de luxo, guardem suas vidas no cofre, mandem para uma conta na Suíça, nosso bem mais precioso, e mais frágil também, quanto custa a sua vida? Quanto tempo leva um sujeito para roubá-la de você?

Alguns pensamentos me deixam aflita, é saber que cada um de nós têm em suas mãos, braços, pernas, cabeça e coração o poder de tirar uma vida, já lhe ocorreu isso hoje? Falamos de assassinatos com tal naturalidade, que parece algo banal.

O que é uma vida? O que é tirar uma vida? Carregar em suas mãos o sangue e alma de um sujeito, seja ele quem for.

Me vêm agora na memória imagens de jornais antigos, quantas pessoas morreram nos últimos anos de forma brutal, nos esquecemos delas, pois diariamente abrimos os jornais para mais imagens, mais corpos dilacerados, espancados, furados, esfaqueados...tantas atrocidades que fazem parte do nosso dia-a-dia, como o pingado na padaria da esquina.

Estamos mesmo nesse caminho? Nos tornaremos essas pessoas frias que jantam vendo no Jornal Nacional as notícias de obituários? Quantos mortos todos os dias mais serão precisos para que algo mude dentro de nós? Como se muda esse quadro?

Tenho um milhão de perguntas e nenhuma resposta, um coração cheio de culpa por não saber o que fazer para mudar, onde começa a loucura e termina a sanidade? Somos todos seres humanos tão cheios de ódio e repulsa que nossa nova terapia é matar?

Penso no absurdo de tirar um vida, sim, me causa asco, ânsia, angústia, medo. Não acho palavras para exprimir minha careta, a respiração me parece falhar um pouco e na garganta tenho um nó, quero encontrar uma resposta, ou algo que pelo menos me dê certa esperança em mudar.

Qualquer coisa, isso tudo já foi dito por inúmeras pessoas, o que fazer, como mudar, estamos voltando à Idade da Pedra, não, nem lá, quando ainda éramos quase animais matávamos dessa forma, é desumano, irracional, acho que é isso, estamos nos tornando uma nova raça, Homo Ab Irato, seria este o latim correto da coisa? Não importa, se esta é a evolução do homem moderno, quero ser arcaica.

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