17.11.13

OTempoEADor


Por que a dor não dura muito, é só um jeito do coração dizer que está vivo, que sente, pulsa, vibra, que chora derrete e passa, que é inteiro mesmo sendo parte, que é inteiro mesmo aos pedaços, que é remendo do que já passou e retrato do que ainda virá.
Olha eu abraçando o tempo, deixando o tempo passar, curtindo uma fossa que logo vou abandonar, olha eu cutucando a feriada, arrancando a casquinha e fazendo sangrar, não seria eu se não fizesse doer antes de dar adeus, não teria graça se eu não pudesse contar rindo dos dias que passei fingindo, lágrimas por trás de sorrisos, desejos por trás de olhares. 
Mas como explicar essa calma? Estou serena, calma, tranquila, não sei o que me espera do outro lado da avenida, não sei se existem curvas ainda no meu caminho, estou caminhando, não quero correr, seria apatia? Estou, eu, passarinho tranquilo, olhando a vida passar, cantando fininho, esperando o dia chegar, não sei o que o amanhã trará, mas estou, eu, pássaro sereno, calmo, cantando pro tempo, olhando pro vendo, vendo o dia clarear...
As vezes eu olho pro lado, não há nada, nem sei que quero tenha, sou pássaro ferido, nunca deixando de acreditar, sou moça sofrida, que nunca parou de sonhar, sou senhora da vida, que a vida ensinou a não para de caminhar.
Eu as vezes ainda creio nas mentiras que quero crer, ainda finjo que me engano, olho pro alto e digo, hum hum, e sigo sabendo, fingindo... nem sei....
 E sigo tranquila curtindo a vida, do jeito que um malandro ensinou, sambando mansinho, só no sapatinho, esquivando das facas, adagas, punhais....
Vou seguindo sorrindo, pois o tempo não tarde a passar, errada ou certa eu vou caminhar, meu caminho há de ser divino, há de ser sortido, há de ser infinito, nas vidas pelas quais ainda vou dançar, vou seguindo assim, errada e sorrindo, certa e mentindo, fingindo não ver, querendo saber, dos olhos das coisas que escondem os sorrisos, vou seguindo, indo, deixando o dia terminar.

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