25.5.07


Me detenha, não me deixe ir, me peça para ficar, me pare, estou indo, indo, indo, indo, indo me pare se me quer, corra atrás de mim pelas ruas cheias de gente vazia, grite meu nome e tente me pegar pelos cabelos, ande, o tempo urge, estou indo, estou indo, já não pode mais me ver não é mesmo? mas estou no meio da multidão aturdida, suba num banco olhe de cima, ainda pode me ver? Dê um salto acelere o passo, pode me alcançar? Estou partindo sem data para voltar, quem sabe um dia te mande um cartão postal, dizendo o quanto foi bom e que estou feliz, que continuo vivendo como sempre fiz...

Eu quis levar você comigo, não importa para onde, eu queria você comigo, e ia ser bom, sempre seria, pelo menos em meus planos, seria bom, riríamos, choraríamos, não importa aonde, seríamos nós como fomos, desde o primeiro dia, mas você não quis, preferiu ficar, não te culpo, na verdade, eu te entendo, quem em sã consciência abandonaria e certo pelo incerto, a cumplicidade pela paixão, o morno pelo pelando, quem abandonaria tudo o que já conhece para embarcar numa viagem rumo ao desconhecido? Te entendo, te respeito, somos diferentes, por isso era bom, porque quando estávamos juntos trocávamos de papel, constantemente, entre o racional e o irracional, nessa batalha, perdeu a paixão, adoeceu o coração, foi certo, você optou pelo menos arriscado, eu não te julgo.

Então, vou sozinha, continuar minha jornada, vivendo, mas antes de ir, quero me desculpar, pelas palavras duras, pelo modo cruel, como quis dizer coisas doces, mas existem momentos em que a raiva é o melhor alimento para curar a dor, mas já passou, e sei pela cumplicidade que temos, que te feri, sabia que iria te ferir, fiz conscientemente, por puro despeito, mas a dor continuou a consumir, então lidei com isso, de maneira clara, da maneira como sei lidar, e a dor se foi, sobrou a saudade, o sorriso no rosto ao lembrar de você, das risadas, dos segredos contados, das piadas, do vinho, do primeiro encontro, das flores, de tudo, mas principalmente de teus olhos, tão sinceros, se não te contei antes, te contarei agora, sei que não existem máscaras em você, que és tão sincero quanto aparente ser, que é cristalino como as águas geladas de uma doce cachoeira, era isso que eu queria te dizer e vindo de mim, pode ter certeza que este é o maior elogio que eu poderia fazer.

Por ser quem sou, procuro sempre na vida, pessoas que me façam sentir viva, momentos que valham a pena ser guardados, guardarei os teus numa caixinha de madeira, simples, sem trancas, ser arabescos ou molduras, uma caixa simples, pois são nas caixas mais simples que se escondem as melhore e mais doces lembranças, pois entre nós, ao menos para mim, não restarão mágoas, nem lembranças ruins, foram momentos, instantes, foi tudo tão errado que me pareceu ser certo, foi tudo tão mágico que mais parecia ilusão, foi bom, incrível, perfeito em sua imperfeição, certo no momento errado, foi tudo, foi o mundo. Já te disse isso não é mesmo, essa carta de Adeus é apenas uma mera formalização de tudo que já sabes. De tudo que já leu sem ao menos me ler...

Entende agora, talvez, que não quis reduzir tudo o que se passou em palavras cruéis, sei que o fiz, mas como sempre acerta de mim, a dor me consumiu, por completo e te feri, por achar que era em ti que a dor residia, te chamei de ator sim, por crer que alguém que sentiu tudo que sei que sentistes, mas não opta por continuar a sentir, só pode ser ator, que alguém que chora por um adeus, não pode pedir para que fique só pode ser um ator, mas ao refletir, sobre tudo, te entendo e creio e você, sempre acreditei, na verdade quis mentir para mim, entende isso? Não se preocupe, sou assim mesmo, seria mais fácil te julgar um chinfrim do que te julgar pelo caráter.

Estou indo, entenda, teria ficado, teria te levado comigo se por um momento sequer acreditasse que largaria tudo, para ficar ao meu lado, mas nisso, acho que nunca acreditei, não pense que digo isso para ser cruel, não digo, é apenas o que sinto, você não faria isso, e você sabe. Meu corpo continuará ardendo pelo teu, meu coração por um tempo ainda ansiará por você, mas vai passar, renderá belos textos, deixará saudade, mas levantarei voo novamente, levando comigo um pedacinho de ti, sabendo também que deixei em você, um pedacinho de mim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Um certo passaro entrou na minha vida assim... de repente, entrando sem bater, sem avisar... E em muito pouco tempo me virou do avesso, de ponta cabeca, me encheu de tapas. Conheceu meus medos, meus conflitos, meus anseios, meus segredos... e no meio do turbilhao, no meio da confusao... reagiu, meio inconsequente por bem dizer, mas reagiu. Tambem disse o que precisava ser dito, escreveu o que precisava ser escrito, mesmo sem ter precisado, pois era tao claro que eu o lia sem ao menos o ler. Passaro ingenuo este, achou que iria voar assim, depois do que fez. Cade vc passaro. Serah q vc ainda consegue me ver de onde estah? Eu posso te ver sim, mesmo sem te enxergar. Volte... venha recolher os pedacos. Soh vc pode conserta-lo. Este coracao, esta triste, mas feliz... assim contraditorio mesmo, como de costume. Ele ao menos hoje deu o primeiro passo para ser mais livre, para ouvir mais ele proprio do que a maldita razao.