10.5.07

UmBrindeAosQueBrindamPeloPuroPrazer


Um amigo me citou esses dias uma frase de um filme que assistiu, ela era mais ou menos assim: "Se você visse o mundo como eu, também ficaria bêbado o tempo todo." Não era bem isso, mas era mais ou menos tá, a intenção do comunicado é a mesma, embora as palavras exatas escapem minha mente ainda adormecida, mas pensei muito nisso, talvez alguns não me perdoem pela analogia por parecer algo sujo, mas desde quando me importo não é mesmo? Mas a grande beleza está no fato do olhar embriagado ser na verdade similar ao olhar infantil, sem pudor, sem medo, um olhar cheio de verdades descaradas, de belezas esquecidas, perdidas por trás de posturas efêmeras, é um olhar cheio de esperança, um olhar sem vergonha.

Como diria meu amado Fernando Pessoa: "A criança que fui chora na estrada. Deixei-a ali quando vim ser quem sou; mas hoje, vendo que o que sou é nada, quero ir buscar quem fui onde ficou." Mas encontramos nossa criança, ali, nos momentos em que deixamos de lado nosso lado maduro, responsável, sério, triste, solitário, enfim, adulto, de lado e nos sentamos com amigos e bebemos, brindamos com alegria cada gole do álcool que nos desce goela a baixo, e a cada novo copo estamos mais próximos da criança que fomos, pena ser tão temporário esse santo remédio, pois logo que nos deitamos, já com o mundo girando, soltamos a mão da criança e voltamos ao adulto chato, insípido, carrancudo, infeliz ermitão de um vaso já rachado.

O verdadeiro remédio da humanidade seria a eterna bebedeira? Não, queridos amigos, o verdadeiro remédio é encontrar lá atrás dessa longa estrada que trilhamos essa verdadeira criança que deixamos de ser, para nos tornar isso o que somos, segurá-la em nossos braços e carregá-la até o fim da jornada, te digo que no começa parecerá um pesado fardo a carregar, mas a cada passa, o peso se dissolverá em alegria.

Quando escreve essas linhas penso sempre num amigo, que nunca deixou sua criança de lado, seu olhar não perdeu o brilho, seu sorriso, ah seu sorriso, indescritível, enche uma sala toda de alegria, é um sorriso sincero e constante. Mas não quero falar muito desse amigo, não por não sabê-lo, mas por saber demais.

Então apenas proporei um brinde àqueles que já buscaram sua infância.

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