9.6.07

QualDosLados?


Me encontro entre os ditos modernos, penso como os ditos artistas e filósofos, ouço um pouco do que todos ouvem, vejo mais que muitos vêem, vivo tanto quanto todos que têm pressa, convivo com os loucos, ensino os especiais, falo com os pensadores, tatuo como os roqueiros, danço como as passistas, caminho com a segurança dos gatos de rua, sonho com contos-de-fadas como toda garotinha, acredito nos homens como toda mulher já vivida, ando pelas ruas como toda criança bandida, circulo pela noite com toda familiaridade da dita bôemia, falo como as bichas, quero o que querem todas as românticas caipiras, caço como as aves de rapina, encaro os olhos como um grande felino à espreita, sei do futuro tanto quanto uma cigana de rua, lembro do passado tanto quanto os idosos do asilo, faço tudo ao mesmo tempo como os que são considerados hiperativos, mudo de humos como os ditos bipolares, me fecho em meu próprio mundo como os ditos autistas, gosto da tristeza como os que se denominam poetas das ruas, gosto do silêncio obsceno dos cemitérios como os intitulados góticos, abaixo os olhos e simplesmente sorrio como todos os falsos tímidos, acredito em palavras como todo adolescente ingênuo, voo alto como qualquer pássaro, encontro alívio no fumo como qualquer cretino viciado, me divirto como todos que não têm medo de se divertir, canto alto como todo belo desafinado. Ultimamente, nada disso têm feito sentido.

Um comentário:

UmPássaroNoPaísDasMaravilhas disse...

Pássaro querido,
Texto maravilhoso! Sem dúvida, um dos meus favoritos! Vôos cada vez mais altos!