Tão rápido como veio se foi, hoje o vento doce entrou pela janela, despertei de belos sonhos, deixei a luz invadir o apartamento, está cheio de vida, o tempo urge, pressa de viver, não há mais tempo para sentir dor, já se foi, meu brilho acordou comigo, o sorriso despertou logo depois, e a alma bateu à porta, tomamos café juntas, conversamos, rimos do que se foi, passou, e se já não se encontra aqui, não há motivo para lágrimas, as gotas de vidro que adornam meu pescoço são os restos mortais do amor que já morreu, das lágrimas que limparam o rosto, deixando nos olhos apenas o brilho intenso do cristal.
As flores da sala ainda vivem, são as únicas lembranças vivas desse amor, que já se foi, já passou, que não deixou rastro, foi, como deveria ir, e um dia compreenderá porque entrou na minha vida, nesse momento, é muito cedo, embora o tempo sem tempo, não explique os motivos da vida, mas nos traz compreensão e serenidade.
Estou voando baixo, mas voando, talvez ainda faça algumas paradas para respirar no meio do caminho, ainda não é momento de alcançar o alto, mas voar já traz novas esperanças, cada segundo que olho para trás a floresta está já mais distânte, me despeço das cores e sabores que ainda tenho sentido, mas digo adeus, tão fácil veio e tão fácil se foi, a vida é assim e o tempo, amigo meu, não me deixa sentar, me faz correr, me chama, grita e vou assim, tropeçando, correndo, sorrindo e cantando, o tempo não espera, as vezes anda um pouco devagar e me deixa alcançar, e continuamos, indo, sem rumo, indo indo indo, e é lindo demais saber que ainda vivo, a dor me despertou novos sentidos, antes adormecidos, vou me indo, nessa loucura do viver diário, respirando arfando, indo, e está bem, estou ok, viverei mais mil vidas e sempre num ritmo tão caótico que enlouquecerei sempre, delícia de loucura, de ver a cor do vento e sorrir, de saber do sofrer de estar viva e mesmo assim viver, como se não houvesse um amanhã, acho que não há mesmo, é tudo hoje, é agora, e do amanhã não me importa, não me cabe e nem se esgota.
É tempo de colher os frutos da estação passada, saborear o gosto do que antes foi plantado, e na relva verde, um pássaro canta belas canções, ouço seu canto, te olho nos olhos, vida, tão viva quanto as flores nascidas no dia, coloridas, não há tempo para lamentações, se foi e se foi é porque tinha que ir, vida, viva pulsando pulsante nas veias finas que percorrem meu corpo, o sangue quente alimenta a alma, é dia, e não há como se perder na escuridão, é dia, é vida.
A fumaça do cigarro faz desenhos no céu, tão lindos que me sinto flutuar, os olhos acompanham a subida e com ela me vou, voando, sabendo que ainda há espaço, que não deixei morrer o que há de mais belo, acordei hoje, nova, confiante, acordei e deixei a dor ir, talvez um dia volte, mas hoje se foi, adeus querida até um dia. Ainda estou viva.
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